quinta-feira, março 10, 2005

Sobre as novas ferrovias - Infohabitar 13

 - Infohabitar 13

Na passada segunda-feira tive o grato prazer de ler no jornal Público um artigo de F. Almeida e Castro, que não irei aqui, nem de longe, resumir, mas apenas salientar alguns aspectos:

A Espanha tem uma bitola diferente da europeia, mas na nova rede de Alta Velocidade (AV) vai deixar de a ter, ligando-se aos traçados europeus, enquanto nós parece que pretendemos instalar uns tais "mecanismos de geometria variável" para adaptar as ditas bitolas, e, quem sabe, depois de uns anos de serviço verificar que tais mecanismos (eixos telescópicos) acabam por ter uma prestação menos adequada, não imagino sequer com que tipo de consequências.

O aproveitamento da ligação Lisboa-Porto para a nossa rede de AV não parece levar em devida conta "os encargos com a loja aberta", nem como tão bem diz Almeida e Castro, que provavelmente a AV lisboa-Porto irá retirar apenas meia hora ao tempo de percurso que fariam os Pendulares já existentes, "se os deixassem correr" e dá vontade de perguntar qual o custo dessa meia hora e se mesmo com essa meia hora a mais, e julgo que com cerca de duas horas de pendular não será já este percurso vantajoso relativamente ao feito de avião.

Um terceiro aspecto que me mereceu atenção especial no citado artigo é a importância que teria/terá, espero, uma ligação, pelo menos dupla, e claramente assumida entre Lisboa e Porto, individualmente, e os respectivos traçados mais próximos do lado espanhol; digo pelo menos pois ainda chamo a atenção para a importância que teria a ligação também por Faro, quem sabe talvez noutro tipo de "velocidade" (mas não sou especialista, nem de longe).

Termino com uma clara recomendação para lerem o artigo dp Eng. Almeida e Castro intitulado

"A alta velocidade ferroviária espanhola e Portugal - falando sério sobre coisas sérias (fim)."


Gostaria, no entanto, de meter aqui mais uma colheradazinha pessoal, não sendo, nem de longe, especialista na matéria, a ideia que tenho é que um verdadeiro projecto de AV português, que, por um lado, sirva as nossas principais zonas urbanas e também, se possível (ainda que de forma indirecta se não puder ser directamente), as nossas zonas territoriais mais desfavorecidas (estou a pensar por exemplo da Beira Interior e de Trás-os-Montes) e que proporcione ligações ibéricas e europeias funcionais e estimulantes pode ser um projecto verdadeiramente estruturante para o País, ligando-o "finalmente" a uma nova europa das culturas e da diversidade. E termino novamente com uma referência ao artigo citado quando refere que parece que não estamos interessados numa verdadeira rede de AV.
Imaginem apenas as potencialidades que teriam/espero terão ligações múltiplas de vários pólos do País através de Espanha e além Pirenéus, sobre carris, suavemente, em Alta Velocidade, deslocando-nos entre centros de cidades históricas; julgo que será "o verdadeiro sal" das enormes potencialidades do turismo europeu, só espero que então Portugal não continue a estar impossivelmente distante.

2005 - 03 - 10, Lisboa, Olivais,

Júlio Marques

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