quinta-feira, junho 09, 2005

Cidade e sedução I - Infohabitar 25

 - Infohabitar 25

Cidade e sedução I




Num artigo de Luís Filipe Sebastião, saído no Jornal Público de 9 de Junho 05, cita-se o Arq. Alberto Castro Nunes, que diz que “a identidade da paisagem rural da região saloia está destruída”; o citado integra a equipa do Arq. Leon Krier, ligada à salvaguarda da paisagem cultural de Sintra, e aponta a possibilidade e a urgência da aplicação de ferramentas de ordenamento.
E o citado assim como outro elemento da equipa defendem ainda que o principal problema está na utilização de uma apreciação urbanística quantitativa, esquecendo-se os aspectos qualitativos e designadamente o mundo da pormenorização, aspectos estes que bem sabemos serem em boa parte responsáveis pela imagem urbana e pelo respectivo interesse cultural/patrimonial.
Apenas superficialmente esta vital temática se afasta da matéria tratada nas últimas páginas do infohabitar, pois o interesse pela paisagem urbana decorre, em boa parte, da sua real valia cultural, como podemos todos constatar em todos aqueles sítios que percorremos sempre com prazer, aqueles sítios em que tudo nos convida ao fruir da cidade em paz e com tempo, a pé (flanando), em que em sequências que parecem expontâneas tudo parece contribuir com pontos de atenção e de estadia fortuita, em cenários naturais e construídos que estimulam o convívio, porque para além da funcionalidade oferecem uma boa forma e um bom ambiente.
Uma cidade culta, visualmente atraente e convivial, uma cidade que seduz. Uma cidade onde seja possível, tal como diz Marilice Costi, “descobrir lentamente e percebendo com todos os nossos sentidos ... o ambiente, as sensações térmicas, a estética, a história, o local de encontro, o cheiro de cafezinho, o sorvete que mantém o mesmo sabor e aviva lembranças, a pequena livraria, o restaurante com a comida típica, o lugar dos encontros e desencontros, a sombra da árvore, as flores que aparecem a cada mudança de estação, a cor das coisas a cada outono, as folhas, a brisa, o calor ou o frio...” Mas tal como refere Marilice (no texto que se segue) “...hoje, parece que nada mais importa, a não ser o valor do terreno, …”



9 de Junho, véspera do Dia de Camões
A. Baptista Coelho, Encarnação, Lisboa abc@lnec.pt

1 comentário :

Anónimo disse...

Sedução
É disso que precisamos na cidades, para lá da que acontece nos quarteirões e nos centros comerciais especializados.