quarta-feira, novembro 16, 2005

Infohabitar/actualidades - Um comentário da Arq.ª Sara Eloy sobre um PER que vise a regeneração habitacional e urbana - Infohabitar 52

 - Infohabitar 52

(Segue-se um texto de comentário da Arq.ª Sara Eloy ao artigo sobre o PER, numa perspectiva de regeneração habitacional e urbana, saído no Infohabitar a 27 de Outubro, e que além de aprofundar estas matérias, as liga, de forma muito estimulante, a outras matérias igualmente críticas nas nossas cidades, como é o caso do envelhecimento da população das zonas urbanas centrais; trata-se de um caminho de discussão e desenvolvimento que poderá ser feito em próximos artigos e textos de comentário, aqui no Infohabitar - ABCoelho)

Um comentário da Arq.ª Sara Eloy sobre um PER que vise a regeneração habitacional e urbana


Permito-me comentar este esclarecedor artigo que nos alerta para a problemática da regeneração habitacional e urbana.

Apesar das diversas considerações que anunciam um "novo PER, que promova a introdução de habitação de mercado, urbanamente bem integrada nas restantes promoções", ainda assim, parece partir-se do princípio de que será sempre necessária a construção de habitação nova (as fotografias do artigo parecem ilustrar essa tese), a qual, dado o pouco espaço destinado a novos programas habitacionais que ainda resta na cidade, tem vindo, tendencialmente, a ser remetida para as periferias.

Assistindo à inevitável degradação de muitos edifícios em zonas centrais ou menos periféricas da cidade, acompanho os que se questionam sobre a razão das autarquias não adquirirem esses mesmos edifícios (numa figura próxima da expropriação) para uma posterior reabilitação com vista ao realojamento. Deste modo atingir-se-iam as desejáveis "condições de integração física e social, as tipologias aconselháveis e as acções de apoio prolongado e completo ao (re)alojamento e ao acolhimento", que o artigo enuncia.

À semelhança de experiências realizadas na Europa seria possível realizar planos de reabilitação de edifícios de habitação nos vários municípios com vista ao realojamento ou melhoria das condições de vida dos moradores, que permitissem concretizar, numa 2.ª fase do PER, soluções de integração social e urbana onde se evitassem as consequências da proliferação de "guettos", propícios a uma segregação social que tem sido causadora de fenómenos de exclusão e geradora de conflitos insanáveis.

Por outro lado e vivendo-se hoje numa Sociedade da Informação, urge dotar as habitações (tanto as novas, como as reabilitadas) de tecnologias adequadas a uma melhoria da qualidade de vida e da autonomização dos seus utentes. Numa experiência europeia de reabilitação de habitação – Glastonbury House (projecto INTEGER) – o facto do edifício ser habitado por idosos, ofereceu a hipótese de se testarem sistemas inovadores de cuidados, como os da telesaúde, que permitem aos residentes viver nas suas casas o máximo de tempo possível, evitando o recurso a serviços de assistência, como lares de idosos.

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