domingo, maio 27, 2012

395 - VIZINHANÇAS CONVIVIAIS E FUNCIONAIS (artigo); e Notícias do Infohabitar - Infohabitar 395

Infohabitar, Ano VIII, n.º 395

Aos leitores do Infohabitar,

Editam-se, em seguida, notícias do 2.º CIHEL, seguidas do artigo da semana, que corresponde ao Artigo XII, da série habitar e viver melhor.

Notícias do 2.º CIHEL

Notas sobre o 2.º CIHEL - 2.º Congresso Internacional da Habitação no Espaço Lusófono, que terá lugar no LNEC em março de 2013 sobre o tema "Habitação, Cidade, Território e Desenvolvimento":

(i) Estamos quase a um mês do final do prazo para recepção dos resumos das propostas de comunicações, que continuam a ser recebidas a bom ritmo.

(ii) O site do 2.º CIHEL está já em acertos e estará activo já antes do final de Maio.

(iii) As diversas Comissões de enquadramento e apoio ao 2.º CIHEL estão em conclusão.

(iv) Há perspectivas de novos importantes apoios institucionais.

(v) Há inciativas associadas ao 2.º CIHEL que serão oportunamente apresentadas.

(vi) A prevista actualização do logótipo do CIHEL foi já concluída e é em seguida apresentada. Esta iniciativa será objecto de um artigo específico onde serão apresentadas as diversas propostas, concretizadas no âmbito das actividades lectivas do Curso Profissional de Técnico de Design Gráfico da Escola Secundária de Sacavém.





O (novo) logótipo renovado do 2.º CIHEL

E remetem-se os leitores para o recente artigo nesta revista onde se faz a apresentação pormenorizada do Congresso e dos respectivos contactos:

http://infohabitar.blogspot.pt/2012/04/2-cihel-lisboa-lnec-marco-2013.html

A Direcção e o O Presidente da Comissão Científica do 2.º CIHEL: António Baptista Coelho, António Reis Cabrita, Jorge Grandão Lopes e Paulo Tormenta Pinto

ARTIGO DA SEMANA - ARTIGO DA SEMANA - ARTIGO DA SEMANA

VIZINHANÇAS CONVIVIAIS E FUNCIONAIS
Artigo XIV, da série habitar e viver melhor
António Baptista Coelho

VIZINHANÇAS CONVIVIAIS E FUNCIONAIS

INTRODUÇÃO

Antes de avançar mais nesta ideia de vizinhança há que esclarecer que o que aqui se propõe como ideia de vizinhança é, de certo modo, a constituição de soluções de agrupamento de edifícios e de espaços exteriores públicos que proporcionem a possibilidade de se constituírem relações de vizinhança naturais, não “impostas”, entre quem usa/habita aí e na respectiva envolvente; é isto que se tem em mente e não qualquer ideia de uma convivialidade obrigatória ou concentracionária, através de acessos obrigatórios por determinados “pontos”, e por espaços de circulação em que as pessoas se acotovelem – ou sejam "obrigadas" a constantes relações "olhos nos olhos" – e acredita-se mesmo que estas últimas condições terão, até, como consequência frequente a ausência de uma vizinhança positivamente efectiva e eventualmente afectiva, podendo mesmo resultar em conflitos frequentes entre utentes.

VIZINHANÇAS CONVIVIAIS

Só que, numa perspectiva positiva, também possível, há que constatar que muitos dos nossos espaços de habitar edifícios e partes de cidade são, objectivamente, avessos a qualquer possibilidade de convívio natural, muito provavelmente por ausência de uma tal preocupação, e o que se defende é que deve ser possível o convívio, por opção de quem convive, e que para tal possibilidade muito contribuirá uma solução urbana e habitacional humanizada e amiga de uma tal possibilidade natural e livremente assumida desse convívio; julga-se que uma tal possibilidade deveria ser, mesmo, um direito de quem habita, um direito que se concretizaria em cenários activos urbanos e residenciais propícios à eclosão de um tal convívio, e que deixariam, portanto, a cada um, a escolha entre conviver ou não conviver com os seus vizinhos.

Afinal vamos descobrindo que não somos máquinas e que os sentimentos têm uma importância fundamental no nosso bem-estar e na nossa saúde; e para o desenvolvimento de agrado, satisfação e sentimentos positivos no habitar, essa possibilidade de algum convívio vicinal será, sem dúvida, um aspecto importante.



Fig.01

Mas à possibilidade convivial importa juntar, no espaço público de uma cidade habitada, a qualidade “gémea” do espaço que estimula e agrada, a qualidade de um espaço convidativo. E nesta matéria, à qual voltaremos várias vezes, é fundamental reinventar um espaço urbano que nos cative através de um desenho sensível e de um constante e sequencial investimento num espaço público que seja cada vez mais intensa e densamente usado, como espaço de estar e não apenas como passagem, em si próprio, nas suas ruelas e pracetas, e na continuidade da sua vida urbana, nas suas lojas de esquina e passagens curiosas, pois, afinal, e tal como escreveu o Arq.º Adson Lima, “assim como uma família se torna no que ela é nos espaços de uma casa, uma comunidade inteira forja-se nos espaços comuns de uma cidade.” (1)

Afinal, cada vez mais, e mais urgentemente, o habitar tem de voltar a ser entendido e vivido, verdadeiramente, numa perspectiva ampla, como entidade viva, que contribua para a vida da vizinhança, do bairro e da cidade. E portanto, quando pensamos nas vizinhanças urbanas, que são as células de uma cidade, elas devem integrar, além das habitações, pequenos equipamentos adequados ao serviço das diversas necessidades dos habitantes, mas também ao estímulo do convívio natural e mesmo de uma verdadeira extensão do habitar para além das paredes da casa de cada um.

São, por exemplo, os pequenos cafés e restaurantes estrategicamente situados em esquinas e passagens, que se tornam verdadeiros prolongamentos das nossas casas, e também todo um leque de outros equipamentos de proximidade e de acessibilidade que tornam a cidade circunvizinha mais habitável e amigável, que podem prestar serviços específicos, mas onde seja também possível o estar e o convívio espontâneo, quando se leva a roupa a engomar, quando se acompanha o filho à escola, quando se vai ao ginásio, etc., etc.



Fig. 02

Uma cidade de vizinhanças caracterizadas por imagens enriquecidas por uma estimulante diversidade de soluções habitacionais, que correspondam a necessidades e gostos específicos, bem como a diversos objectivos urbanos.

E numa cidade assim habitada há que acolher uma grande diversidade de soluções habitacionais, desde a habitação corrente, num multifamiliar, à pequena habitação apoiada e integrada num conjunto de espaços comuns, soluções estas que além de corresponderem a necessidades específicas irão enriquecer a textura vital da cidade.

Para além desta oferta de diversos tipos de habitar tem de ser aprofundada, com urgência, a capacidade agregadora e dinamizadora do estar no exterior. E a este título salienta-se que quanto maiores e menos definidos os espaços públicos, mais complexos e difíceis se tornam para a sua desejável vitalização num quadro de adequado tratamento e manutenção. E seria grave, nesta matéria, esquecer o sentido lúdico, de verdadeiro jogo, que deve marcar habitações e espaços urbanos, sendo a sua pedonalização em espaços mais segmentados e diversificados a condição directa para uma sua maior amigabilidade e sentido lúdico, pois aí circula-se por exemplo a pé e mesmo em automóvel, mas muito devagar, e ao fazê-lo vamo-nos ligando funcional e afectivamente aos sítios que percorremos, enquanto ajudamos a criar aí boas condições de segurança; numa situação bem distinta da que acontece no dito urbanismo a 50 e a 90 km/hora.



Fig. 03

VIZINHANÇAS FUNCIONAIS

Depois de se ter apontado a importância da criação de espaços de vizinhança de proximidade que constituam verdadeiros prolongamentos, seja da habitação sobre a cidade, seja da cidade sobre a proximidade directa da habitação é naturalmente útil apontar quais os caminhos a privilegiar nestes espaços. Um apontamento que, aliás, foi já avançado quando se sublinhou o protagonismo das crianças e dos idosos no uso destas vizinhanças.

E assim o aqui se sublinha sobre este título referido á funcionalidade das vizinhanças é que o principal cuidado, a este nível, é a máxima adequação funcional e ambiental a um uso intenso e prolongado por crianças, jovens e idosos; considerando, naturalmente, que a previsão de condições adequadas aos habitantes funcionalmente mais sensíveis, que serão as crianças e os idosos, resolve as questões de funcionalidade dos restantes grupos etários.

Nesta matéria vamos ainda referir alguns aspectos que se consideram estratégicos.

O primeiro é que fazer vizinhanças funcionalmente adequadas e atraentes para crianças constitui, provavelmente, um desafio de elevadíssima exigência, cuja caracterização ultrapassa claramente o perfil deste trabalho. Apenas se aponta que, por um lado, é evidente que um objectivo deste tipo não se pode resumir à boa integração de um “parque infantil” adequadamente “normalizado”, pois o que aqui se sugere é uma Arquitectura da vizinhança residencial e urbana que possa ir cooperando na própria formação da criança, garantindo-lhe adequadas e evolutivas condições de recreio, mais enquadrado ou mais livre, de segurança e de estímulo ao uso do espaço público; e nesta perspectiva é oportuna a consideração das conclusões de um estudo de Robin Moore sobre um parque infantil de vizinhança, usado como "atalho" pelos residentes e bem protegido da circulação e do estacionamento de veículos, que se revelou como sendo usado como verdadeiro centro social e de informação para a vizinhança, com picos naturais de uso pela comunidade, em geral, aos fins de tarde e especialmente aos sábados (2).

Um segundo aspecto é que é sempre mais fácil dizer que não há espaço para instalar locais de recreio desportivo para os jovens, do que ter o trabalho real de os integrar de forma a que jovens e não jovens os possam usar intensamente e sem prejuízos para o sossego da vizinhança (3). Evidentemente que não é por terem zonas de prática desportiva que os jovens deixarão os “maus caminhos”, mas é, frequentemente, ridícula a ausência de previsão de equipamentos deste tipo, ainda que informais e adaptados, enquanto, logo ali ao lado, se desenvolvem relvados de enquadramento e tantas vezes votados ao fracasso como espaços “verdes”, por problemas de manutenção.


Fig. 04

E, finalmente, um terceiro aspecto, igualmente estruturante, é que, tal como já se sublinhou, as vizinhanças de proximidade residenciais e urbanas devem oferecer um máximo de condições de funcionalidade aos peões, privilegiando-se nestes as crianças e os idosos; e será útil considerar o desenho funcional do conjunto dos espaços prioritariamente pedonais, assim criados, tendo em vista o seu uso como grande espaço de recreio e de brincadeiras.

Alexander refere como intervalo óptimo para paragens de transportes públicos (do tipo "mini-autocarros") o valor de 200m, ao longo das vias principais e em todas as direcções (4). Alexander considera o "centro mínimo" como um conjunto constituído pela paragem, um quiosque jornaleiro, um "café" contíguo, árvores e bancos exteriores.

Os recintos exteriores constituem os objectivos da circulação, os pontos para onde o tráfego nos conduz. Sem eles, como diz Cullen (5) o tráfego tornar-se-ia absurdo). E o citado autor qualifica "o recinto, ou o compartimento exterior", como "o meio mais eficaz e mais imediato de provocar nas pessoas essa sensação de posição ou de identificação com aquilo que as rodeia." E, como refere Cullen, tendo-se definido "o aqui" tem de existir "a sensação de além e é precisamente na forma com se estabelece a relação entre esta duas qualidades que reside o dramatismo das relações espaciais". Podendo-se definir uma hierarquia de dramatismos espaciais dentro de cada nível de intimidade ou convivialidade e nas fronteiras entre esses níveis.

"Há linhas privilegiadas susceptíveis de ocupação" (6), nomeadamente, porque proporcionam excelentes vistas imediatas sobre aspectos únicos ou contrastantes da paisagem do local.

Falou-se de funcionalidade nas vizinhanças e, como se viu, não se falou de estacionamentos, dimensões de circulação de veículos, etc., etc., é que se considera que tais aspectos além de variarem muito com cada sítio de intervenção se caracterizam, essencialmente, pela referida subordinação ao uso pelos peões e à criação de um pequeno mundo de apoio ao recreio (chamem-lhes “zonas 30”, zonas de acalmia de trânsito, ou outra qualquer designação). São estes os elementos fundamentais para uma vizinhança agradável e geradora de satisfação, os restantes aspectos funcionais quantitativos estão suficientemente estudados, e sobre há suficientes dados e muitos especialistas com adequado conhecimento, que tem de ser prático além de teórico, e a este nível das vizinhanças residenciais e urbanas todos os aspectos funcionais associados directa ou indirectamente ao uso dos veículos e aqueles ligados aos necessários equipamentos colectivos, também já razoavelmente estabilizados em termos quantitativos (7), têm de ser harmonizados com as referidas condições de agradabilidade pedonal e, diria ainda, de criação de um ambiente global fortemente humanizado e atraente, aspectos estes a que se dedicam as próximas linhas deste livro.

Notas:

(1) Adson Cristiano Bozzi Ramatis LIMA, «Habitare e habitus — um ensaio sobre a dimensão ontológica do ato de habitar» in http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq000/esp450.asp, consultado em 30.09.2008.

(2) Entre as diversas características que foram consideradas responsáveis pelo êxito deste parque infantil destacam-se as seguintes (Robin Moore, "Patterns of Activity in Time and Space: The Ecology of a Neighbourhood Playground", pp. 128 e 129): localização próxima da habitação (afastamento de cerca de 61m a um máximo de 91m), permitindo uso informal e frequente ("idas e vindas"); para além disto o "jardim" será tanto mais usado quanto mais visível ele for e quanto mais livre a sua utilização (sem horários); grande diversidade das brincadeiras e dos equipamentos propostos, tornando o "parque" bem identificável entre os seus congéneres; perfeita ligação com o restante espaço pedonal, considerando-se este equipamento como parte integrante do espaço contínuo de brincadeiras que é o espaço pedonal da área residencial; promoção dos agrupamentos humanos, tanto com bancos e zonas protegidas para os grupos se juntarem recatadamente, como pela existência de certos equipamentos bem relacionados com grupos etários mais velhos (ex., recintos desportivos), fortemente demarcados das zonas para os mais jovens, mas permitindo interacções mútuas (ex., vistas, comunicação vocalizada, etc.); relacionamento com outras actividades, também participadas por adultos, como realização de passatempos, artesanato, etc; E, podemos acrescentar, a boa acessibilidade a quiosques de venda de revistas e jornais, bem como a "cafés/pastelarias" e respectivas esplanadas.

(3) Tal como refiro num estudo do LNEC (“Do bairro e da vizinhança à habitação”, Lisboa, LNEC, ITA 2, 1998), mesmo em condições espaciais muito exíguas haverá sempre sítio para a instalação de: campos "mini" (ex., minibasquetebol); "recantos" para prática de Basquetebol (ex., um cesto aplicado numa empena cega e uma zona de pavimento liso contígua); paredes para treinar Ténis; peladinhas para futebol com balizas simplificadas; percursos para corrida e exercícios de manutenção aproveitando as diversas zonas pedonais.

(4) Christopher Alexander; Sara Ishikawa; Murray Silverstein; et al, "A Pattern Language/Un Lenguaje de Patrones", p. 121.

(5) Gordon Cullen, "Paisagem Urbana", p. 27, 31 e 36.

(6) Gordon Cullen, "Paisagem Urbana", p. 26.

(7) Há, no entanto, que comentar julgar-se que a previsão de equipamentos colectivos deveria ser revista tendo em conta a sua fundamental contribuição para a coesão e vitalidade urbanas e obstar-se a que a sua previsão possa resultar em situações negativas nesses aspectos; situações estas que podem ser observadas, quer em numerosos exemplos, realizados nas últimas dezenas de anos, em que a introdução de enormes equipamentos resultou na criação de verdadeiras barreiras e obstáculos à fundamental continuidade urbana, quer em situações, já apontadas, de excesso de previsão de equipamentos influenciando na desvitalização dos espaços públicos contíguos.


Notas editoriais:

(i) A edição dos artigos no âmbito do blogger exige um conjunto de procedimentos que tornam difícil a revisão final editorial designadamente em termos de marcações a bold/negrito e em itálico; pelo que eventuais imperfeições editoriais deste tipo são, por regra, da responsabilidade da edição do Infohabitar, pois, designadamente, no caso de artigos longos uma edição mais perfeita exigiria um esforço editorial difícil de garantir considerando o ritmo semanal de edição do Infohabitar.


(ii) Por razões idênticas às que acabaram de ser referidas certas simbologias e certos pormenores editoriais têm de ser simplificados e/ou passados a texto corrido para edição no blogger.


(iii) Embora a edição dos artigos editados no Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada por um significativo nível técnico, as opiniões expressas nos artigos apenas traduzem o pensamento e as posições individuais dos respectivos autores.



Infohabitar a Revista do Grupo Habitar

Infohabitar, Ano VIII, n.º 395


Editor: António Baptista Coelho


Edição de José Baptista Coelho


Lisboa, Encarnação - Olivais Norte




domingo, maio 20, 2012

394 - Habitar vizinhanças urbanas, por António Baptista BCoelho e Notícias do 2.º CIHEL - Infohabitar 394


Infohabitar, Ano VIII, n.º 394

Aos leitores do Infohabitar,
Editam-se, em seguida, notícias do 2.º CIHEL, seguidas do artigo da semana, que corresponde ao Artigo XIII, da série habitar e viver melhor.

Notícias do 2.º CIHEL
Notas breves sobre o 2.º CIHEL - 2.º Congresso Internacional da Habitação no Espaço Lusófono, que terá lugar no LNEC em março de 2013 sobre o tema "Habitação, Cidade, Território e Desenvolvimento":
(i) Continuam a ser recebidos os resumos das propostas de comunicações.
(ii) O site do 2.º CIHEL estará activo muito brevemente.
(iii) As diversas Comissões de enquadramento e apoio ao 2.º CIHEL estão quase concluídas.
(iv) Há importantes apoios institucionais, que serão oportunamente divulgados.
(v)  Há inciativas associadas ao 2.º CIHEL que serão oportunamente apresentadas.
(vi) A prevista  actualização  do logótipo do CIHEL  foi já concluída, e será em breve divulgada aqui no Infohabitar - foi concretizada no âmbito das actividades lectivas do Curso Profissional de Técnico de Design Gráfico da Escola Secundária de Sacavém.

E remetem-se os leitores para o recente artigo nesta revista onde se faz a apresentação pormenorizada do Congresso e dos respectivos contactos:


direcção do 2.º CIHEL:
António Baptista Coelho, António Reis Cabrita e Jorge Grandão Lopes
O Presidente da Comissão Científica do 2.º CIHEL:
Paulo Tormenta Pinto


ARTIGO DA SEMANA - ARTIGO DA SEMANA - ARTIGO DA SEMANA
Habitar vizinhanças urbanas e paisagens de proximidade Artigo XIII, da série habitar e viver melhorAntónio Baptista Coelho

Introdução à caracterização de paisagens de proximidade e de vizinhança

As matérias associadas às paisagens urbanas ou urbanizadas de proximidade e especificamente à constituição de vizinhanças que nos estimulem positivamente e que suscitem afinidade e apropriação são as temáticas que nos preocupam neste artigo e, muito provavelmente, em próximos artigos desta série.
Voltamos a lembrar que estamos a lidar, basicamente, com paisagem urbana, ainda que, eventualmente, possa ser ruralizada, e sem uma objectiva preocupação "quantitativa" ou "planeadora" de dimensão espacial, pois considera-se que toda a relação entre um edifício e o seu passeio contíguo é já paisagem de proximidade ou pode ser "verdadeira" paisagem de proximidade positiva, quando bem concebida e construída; ficam assim desde já de fora aquilo que aqui, pelo menos, se considera serem as "não paisagens" e as "não vizinhanças", porque são espaços sem criatividade e sem coerência cultural, formal, funcional e construtiva.
Esclarece-se, também, que o que aqui se propõe como ideia de vizinhança é, de certo modo, a constituição de soluções de agrupamento de edifícios e de espaços exteriores públicos que proporcionem a possibilidade de se constituírem relações de vizinhança naturais, não “impostas”, entre quem usa/habita aí e na respectiva envolvente; é isto que se tem em mente e não qualquer ideia de uma convivialidade obrigatória ou concentracionária, através de acessos obrigatórios por determinados “pontos”, e por espaços de circulação em que as pessoas até eventualmente se "acotovelem" ou sejam "obrigadas" a constantes relações "olhos nos olhos" – e acredita-se mesmo que estas últimas condições terão, até, como consequência frequente a ausência de uma vizinhança positivamente efectiva e eventualmente afectiva, podendo mesmo resultar em conflitos frequentes entre utentes.

Fig.01: privilegiar uma arquitectura urbana que crie e consolide vizinhanças de proximidade

Vizinhanças urbanas agradáveis e únicas

As paisagens de proximidade devem caracterizar conjuntos urbanos e residenciais com dimensão diversificada, associados à definição de vizinhanças de proximidade, que sejam verdadeiros espaços de transição entre o edifício e a cidade, onde ainda seja possível algum conhecimento mútuo, mas também já algum convívio informal e espontâneo, num rico duplo sentido de última extensão do espaço doméstico e de guarda avançada do espaço urbano animado.
Ninguém está a pensar na criação de soluções de convizinhança “obrigatória”, espaços estes que nunca funcionaram, mas apenas em proporcionar possibilidade, quer de algum convívio geral a quem seja sensível a essa possibilidade, naturalmente, pensando-se nos grupos etários que, como as crianças, os jovens e os idosos, têm mais disponibilidade diária para o recreio e esse convívio potencial, quer de um convívio "urbano" mais específico, que possa acontecer numa estratégica relação de sinergia e eventualmente de compensação seja com determinadas condições sociais e físicas especificamente domésticase/ ou urbanas.
Um aspecto fundamental, a salientar, é que a vizinhança de proximidade deve constituir-se e caracterizar-se, sempre, como um verdadeiro santuário do peão, onde ele se sinta seguro, confortável, abrigado e, praticamente, em casa; condições estas que devem visar especificamente os vizinhos mais sensíveis, as crianças e os idosos, que, como se referiu, são os utentes mais frequentes  desses espaços e os seus principais animadores.
Mas atenção que a condição de ser "santuário do peão" não pode fazer reduzir as condições de funcionalidade e de eficácia estratégica no uso da vizinhança pelos veículos privados e de serviços, caso contrário teremos críticos problemas de rejeição da solução.

Fig. 02: a vizinhança de proximidade como "santuário do peão".
A vizinhança de proximidade, o tal sítio entre o edifício e a cidade, é o lugar estratégico para tais potencialidades, proporcionando um agradável afastamento, seja do anonimato citadino, seja da “cerimónia” e da privacidade que marca a vivência num edifício multifamiliar, e, por isso, aqui dedicamos algumas considerações ao papel desta vizinhança na construção de um habitar capaz de nos proporcionar mais satisfação e mais alegria no dia-a-dia, anotando-se que parte dos aspectos que estão a ser aqui apontados e comentados, se encontram desenvolvidos num estudo realizado e editado no LNEC e que se encontra disponível na respectiva Livraria - “Do bairro e da vizinhança à habitação”, Lisboa, LNEC, ITA 2, 1998.
Como já se referiu, sob diversas perspectivas, o principal segredo de um habitar verdadeiramente satisfatório é podermos viver a nossa casa, o nosso bairro e a nossa cidade. E, tal como se acabou de apontar, será na quase contiguidade da porta da nossa casa, mas já em pleno meio urbano, que encontraremos excelentes condições para um intensa fruição da paisagem urbana.
Afinal, o espaço de vizinhança é complemento e também agradável contraponto ao espaço doméstico, sítio onde podemos encontrar condições de espaciosidade, relação com a natureza e convivialidade que não existam no nosso espaço doméstico.

A vizinhança que tanto ainda é (a nossa) "habitação", como já é "cidade" (nossa e de todos)

E assim, e tal como sublinham diversos especialistas, o espaço de vizinhança de proximidade constitui um nível intermédio e de transição entre espaço público e espaço privado, equilibrando sentimentos de apropriação, identidade e orientação; e deste modo podemos concluir que a sua existência é fundamental para se proporcionarem adequadas condições de satisfação residencial e consequentemente de atenuação de eventuais comportamentos menos adequados e, eventualmente, agressivos.
A vizinhança de proximidade oferece, assim, condições específicas só aí possíveis, como será o caso das relações de convívio e de estada no exterior na proximidade de alguma animação urbana e condições de complementaridade, por exemplo, a eventuais situações de menor espaciosidade que caracterizem o espaço doméstico. Para além de tudo isto a vizinhança é o sítio estratégico de vivência diária de alguns grupos específicos de habitantes como é o caso das crianças brincando, jovens e adultos praticando desporto, idosos passeando e permanecendo em pólos de estadia. E há que sublinhar que uma adequada vizinhança de proximidade aproveita, ao máximo, a relativa amenidade do clima em Portugal.
A vizinhança de proximidade define-se no limiar entre o espaço que se deseja público, razoavelmente anónimo e animado e o espaço que se deseja privado, apropriado e sossegado. E há que destacar ser muito difícil construir esse limiar dentro das limitadas paredes do edifício, porque isso implicaria sempre grandes investimentos em espaços comuns interiores ou semi-interiores e dificilmente atingiria o desejado estado de equilíbrio e de vitalizado relacionamento entre espaços mais públicos e mais privados, numa interessante e útil animação urbana "à porta de casa"; afinal, uma animação que é um dos factores de satisfação para com a cidade e que encontra o seu mundo privilegiado no exterior residencial e nas suas margens equipadas e conviviais (ex., lojas, cafés e esplanadas).
Isto faz salientar a importância fundamental de se considerar o exterior residencial também como espaço que deve poder ser intensamente "habitado", uma intensidade de habitar que assume, naturalmente, um potencial e notável protagonismo a este nível da vizinhança de proximidade, porque na contiguidade com os respectivos edifícios residenciais e, naturalmente, desde que esta “dimensão” de vivência e de respectivo projecto tenha sido, objectivamente, prevista através de aspectos específicos de configuração e espaciosidade, alternativas de acesso, caracterização de limiares de transição entre os grandes espaços públicos e as células domésticas e de individualização de pequenas unidades residenciais (conjuntos de fogos).

Fig. 03: vizinhanças exteriores intensamente habitadas

Micro-intervenções vicinais naturalmente bem controláveis

Considerando-se, agora, uma perspectiva de aproximação ao que pode ser o dimensionamento mais desejável de uma vizinhança de proximidade e tendo em conta o muito que se conhece de cerca de três dezenas de anos de promoção habitacional de interesse social em Portugal, destaca-se o interesse de conjuntos residenciais criadores de vizinhanças efectivas até cerca de um máximo de 50 fogos, constituindo-se, assim, um conjunto que alia uma dimensão muito humanizada ao reconhecimento mútuo entre um número não excessivo de vizinhos e à geração de grupos de recreio infantil do mesmo nível etário, isto segundo Christopher Alexander. Naturalmente que tais possibilidades terão tudo a ver com a solução de Arquitectura e designadamente com um espaço exterior agradavelmente protagonista, com forma, função e carácter, e nunca com um espaço sobrante.
Para se atingir esse protagonismo há que anular tudo o que contribua para o desenvolvimento de espaços e recantos residuais, maximizando-se a coesão entre todos os sub-espaços e usos previstos, favorecendo-se as relações funcionais, visuais e ambientais entre os recintos exteriores e os edifícios vizinhos, evitando-se o “esmagamento” visual e o isolamento no espaço público por uma massa edificada excessivamente alta (torna-se difícil comunicar entre o nível do solo e uma habitação acima do 5ºandar, sendo praticamente impossível a partir do 7º), mas também se evitando uma excessiva espaciosidade exterior, tornada, tantas vezes, ainda mais crítica pela ausência de uma forma urbana coerente e ao serviço da vital continuidade urbana.
As dimensões que foram referidas como desejáveis na criação de vizinhanças de proximidade também constituem limiares práticos abaixo dos quais se torna mais possível a introdução na cidade de conjuntos residenciais que possam assegurar, também, o importante papel de preenchimento e de revitalização urbana, sendo, igualmente, uma dimensão de intervenção que permite o seu adequado controlo em termos das respectivas actividades e imagens urbanas; e, afinal, é também muito menos grave e potencialmente muito mais corrigível um eventual “erro” numa nova proposta de solução residencial e urbana numa intervenção com duas dúzias de habitações e lojas, do que numa com duas ou mais centenas.
Alia-se, assim, a possibilidade de se fazer melhor uma dada intervenção urbana e residencial, porque mais adequada a quem habitará aquela vizinhança, à possibilidade de a fazer melhor porque mais adequada àquela situação urbana específica; e a cidade faz-se e refaz-se, positivamente, através deste tipo de micro-intervenções bem controladas e controláveis em termos de solução projectada e de inserção e de gestão local, fortemente replicáveis e pormenorizada e faseadamente reconfiguradas em termos sociais, formais e funcionais.

Fig. 04: micro-intervenções vicinais bem controláveis
Finalmente, sobre a matéria da criação de vizinhanças urbanas marcadas pela identidade e pela agradabilidade, importa dizer que é aqui que se joga boa parte da viabilidade e de positiva visibilidade de um dado conjunto residencial e urbano, pois uma sua efectiva, afectiva e cuidada presença pode, até, fazer transbordar, positivamente, o conteúdo e o mundo doméstico para o exterior residencial, contribuindo decisivamente para o mútuo equilíbrio entre necessidades espaciais e sociais que se façam sentir em casa e na rua, e despoletando o gradual desenvolvimento de sólidos laços de convívio e amizade entre vizinhos; de certa forma será ultrapassar a presença da vizinhança em cada edifício, deixando-a, agradavelmente, “na sombra”, com fundamentais vantagens para a privacidade nas habitações, marcando, sim, a vizinhança a um nível de proximidade, no limiar activo da cidade, mas onde estamos ainda sob o guarda-chuva protector do nosso espaço doméstico, para onde podemos “retirar” a qualquer momento.
E não é possível deixar de comentar que assim se entende que situações de ausência bem pressentida, de forte descaracterização e de falta de coesão de vizinhanças de proximidade, poderão resultar em reacções de insatisfação, instigadoras de sentimentos de rejeição e mesmo de revolta. Pois, afinal, assim não se tem uma das dimensões da cidade, temos apenas uma espécie de "alojamento" funcional e mínimo em termos das condições de habitar proporcionadas.
Notas editoriais:
(i) A edição dos artigos no âmbito do blogger exige um conjunto de procedimentos que tornam difícil a revisão final editorial designadamente em termos de marcações a bold/negrito e em itálico; pelo que eventuais imperfeições editoriais deste tipo são, por regra, da responsabilidade da edição do Infohabitar, pois, designadamente, no caso de artigos longos uma edição mais perfeita exigiria um esforço editorial difícil de garantir considerando o ritmo semanal de edição do Infohabitar.
(ii) Por razões idênticas às que acabaram de ser referidas certas simbologias e certos pormenores editoriais têm de ser simplificados e/ou passados a texto corrido para edição no blogger.
(iii) Embora a edição dos artigos editados no Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada por um significativo nível técnico, as opiniões expressas nos artigos apenas traduzem o pensamento e as posições individuais dos respectivos autores.


Infohabitar a Revista do Grupo Habitar
Infohabitar, Ano VIII, n.º 394
Editor: António Baptista Coelho
Edição de José Baptista Coelho
Lisboa, Encarnação - Olivais Norte

domingo, maio 13, 2012

393 - Importância do verde urbano - artigo de Arno Rieder; Notícias do 2.º CIHEL; Revista Brasileira de Gestão Urbana - Infohabitar 393

Infohabitar, Ano VIII, n.º 393

Aos leitores do Infohabitar,

Editam-se, em seguida, notícias do 2.º CIHEL, seguidas da divulgação de uma inciativa editorial académica brasileira, e, depois, publica-se um artigo do Prof. Arno Rieder, sobre a importância do verde urbano, um tema de grande actualidade.

Arno Rieder é Professor Extensionista e Pesquisador, Doutor em Saúde e Ambiente na Universidade do Estado de Mato Grosso / Empresa Matogrossense de Pesquisa - Unemat/Empaer - MT, Cáceres Mato Grosso (MT).

O Infohabitar e o Grupo habitar agradecem ao Prof. Arno Rieder esta contribuição e é com grande satisfação que o acolhemos no conjunto de colegas colaboradores da nossa revista, um grupo que já ultrapassou os 50 participantes neste processo editorial que está a aproximar-se da edição n.º 400 e que, diariamente tem cerca de 300 leitores.

O editor do Infohabitar

António Baptista Coelho



Notícias do 2.º CIHEL

Notas breves sobre o 2.º CIHEL - 2.º Congresso Internacional da Habitação no Espaço Lusófono, que terá lugar no LNEC em março de 2013 sobre o tema "Habitação, Cidade, Território e Desenvolvimento":

(i) Foram já recebidos os primeiros resumos propostos para comunicações.

(ii) O site do 2.º CIHEL, que está a ser desenvolvido pelos respectivos serviços do LNEC, estará, em breve, activo.

(iii) As diversas Comissões de enquadramento e apoio ao 2.º CIHEL já quase concluídas e a respectiva Comissão Científica será em breve divulgada.

(iv) Há novos e importantes apoios institucionais, que serão oportunamente divulgados.

(v) Há novas inciativas associadas ao 2.º CIHEL que serão oportunamente apresentadas.

(vi) A prevista actualização do logótipo do CIHEL, para aplicação neste 2.º Congresso está já a ser concretizada no âmbito das actividades lectivas do Curso Profissional de Técnico de Design Gráfico da Escola Secundária de Sacavém; e será objecto de um artigo específico de apresentação.


E remetem-se os leitores para o recente artigo nesta revista onde se faz a apresentação pormenorizada do Congresso e dos respectivos contactos:
http://infohabitar.blogspot.pt/2012/04/2-cihel-lisboa-lnec-marco-2013.html


A direção do 2.º CIHEL:
António Baptista Coelho, António Reis Cabrita e Jorge Grandão Lopes
O Presidente da Comissão Científica do 2.º CIHEL:
Paulo Tormenta Pinto


Divulga-se a chamada de trabalhos para a Revista Brasileira de Gestão Urbana - URBE

http://www2.pucpr.br/reol/index.php/urbe

Revista Brasileira de Gestão Urbana - Brazilian Journal of Urban Management; da Pós-graduação em Gestão Urbana - Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).
(Programa de pós-graduação em Gestão Urbana: mestrado e doutorado)

Tema/SEÇÃO ESPECIAL: CIRCULAÇÃO DE IDEIAS URBANAS NO MUNDO LUSÓFONO - editores convidados: Clovis Ultramari e Fábio Duarte.

Quem esteja interessado saber mais pormenores e em participar basta clicar: http://www2.pucpr.br/reol/public/23/archive/CFP_lusofilia.pdf
Como se pode ver uma temática que tudo tem a ver com a do CIHEL, e aproveita-se para saudar o colega Clovis Ultramari, que foi um dos participantes no 1.º CIHEL, e com o qual contamos para divulgar e participar no 2.º CIHEL, em março de 2013, no LNEC em Lisboa.


ARTIGO DA SEMANA - ARTIGO DA SEMANA - ARTIGO DA SEMANA Importância do verde urbano (1)

Arno Rieder (2)

Um dos lugares ecologicamente mais incorretos provocado pelo homem é, em geral, no Brasil, o ambiente urbano. Embora o homem urbano seja o mais crítico sobre desflorestamentos no meio rural, ao mesmo tempo em que é o maior consumidor de produtos resultantes das produções destas áreas. Por exemplo, é contra a cultura de soja, do algodão, mas é fiel consumidor de óleo de soja em suas refeições assim como usuário de roupa de fio de algodão.

Contudo, o ambiente urbano é o lugar onde se concentram moradias, serviços e obras coletivas, em geral, ecologicamente mal planejadas. O meio urbano tem elevada densidade populacional. As pessoas que o compõem geralmente entram em conflito e em competição com a maior parte dos elementos naturais que ali existem ou existiam. Esta insana urbanização pode atingir níveis de remoção drástica dos elementos que ali estavam em equilíbrio natural, negando-lhes espaço para continuarem ali e que poderiam, em planejamento mais racional, configurar, junto com a intrusão adensada do homem, um meio urbano mais saudável.

Os projetos de ampliação de ocupação urbana, na maior parte dos municípios brasileiros, são executados de modo a agredirem e desrespeitarem profundamente a natureza, desconhecendo o papel que poderia proporcionar aos que ali querem chegar.

Ilustra-se isto com os programas “Minha Casa Minha Vida” e de outros conjuntos habitacionais: removem inicialmente a vegetação; depois a camada superficial do solo, no mínimo, no eixo das estradas, levando este solo para fora e longe; na base da casa alteram tudo drasticamente; instalam casas de concreto ou similar; implantam rede de esgoto no novo residencial, mas levando os conteúdos para serem lançados em outros residenciais mais antigos e menos adensados, até mesmo jogando em quintais de outros moradores, nem tão próximo (até 2-6 Km). O poder público não podia deixar isto acontecer, mas deixa, faz de conta que nada tem a haver com esta situação.



Fig 1- Ipê, Cáceres (MT), Brasil, 06 out.; 2007. Foto: A. Rieder

Os ambientes urbanos futuros deveriam se instalar em ambientes naturalmente já bastante equilibrados e receberem os novos integrantes progressivamente, até um limite suportável e em ritmo que propiciasse as adaptações e mobilizações para alcance de novos estágios de equilíbrio. Uma primeira condição seria remover o mínimo os elementos naturais do lugar, em especial a vegetação.

Os ambientes já urbanizados deveriam sofrer avaliações profundas sobre a qualidade de vida que proporcionam e qual a tendência disto, em face de sua situação atual de composição e distribuição de elementos naturais, em especial referentes à flora.

As plantas ajudam a infiltração da água no solo, assim como podem purificar ambientes contaminados ou evitar a contaminação se disseminar; captam, absorvem, filtram a radiação solar, ajudando a reduzir os danos da radiação nociva e, assim ajudam até reduzir incidência de doenças como de câncer.

Há municípios no Brasil que já taxam com IPTU menor lotes que reduzem áreas concretizadas ou calçadas substituindo isto por espaços arborizados, em face do serviço que isto presta de aumentar a infiltração no solo de águas de chuvas, evitando desastres com enchentes.

O verde urbano estabelece um microclima mais ameno e estável e, de microclima em microclima se pode chegar a um macroclima mais estável e saudável. São vários os componentes de clima que são afetados pela vegetação, e funcionam como regulador tampão de: temperaturas, umidade, ventos, irradiação solar, evapotranspiração, luminosidade, etc.

As plantas oferecem sombra, extremamente importante em regiões tropicais e subtropicais.

A ausência ou pouca vegetação em meio urbano faz a condição local se aproximar a ambiente desértico.



Fig. 2 – Vitória Régias, Margens de Cáceres (MT), Brasil, 27 mar. 2008. Foto: A. Rieder

O ambiente urbano vegetado ajuda a reciclagem de nutrientes no solo e a retenção destes, assim como a produção de madeira, lenha, material para artesões, frutos, flores, fontes para néctar, pólen e resinas para abelhas.

O cultivo de vegetais em meio urbano ajuda a amenizar o gasto com compras de alimentos (verduras, frutas, raízes, etc.), complementando a renda familiar. As mangueiras, cajueiros, seriguelas, bocaiúvas e outras espécies em ambiente público ajudam a alimentar muitas famílias e crianças carentes neste Brasil tropical.

A indústria natural “verde vegetal” seqüestra carbono, despoluindo, diante da alta emissão e concentração de carbono no meio urbano (emissão desde o que é emitido por cada pessoa até pela indústria e pela combustão de automóveis); em troca ainda libera-nos o oxigênio. Logo o verde urbano também propicia mais um serviço de alto valor: a despoluição e oxigenação do ambiente.

As plantas ornamentam o ambiente. Estimulam criatividades de arranjos florísticos, seja para jardins particulares como públicos.

O verde urbano abriga um ambiente saudável, harmonicamente sonoro (ex.: pássaros cantando) e aromatizado (ex.: pelas flores) para o exercício físico do amanhecer ou do entardecer; a caminhada neste ambiente é um dos melhores remédios para desestressar e se re-energizar de bons fluídos.

O ato de cultivar plantas e passear entre elas é um potentíssimo elixir da longa e saudável vida, e este exercício além de gerar uma interação de energização positiva entre homem-planta, abre caminhos à comunicação com o bem e com Deus.

Quanto a composição da vegetação urbana esta preferencialmente deve ser bastante diversa, constituída de espécies que precisam ser preservadas, que possam produzir coisas de alto valor como: frutas, flores, madeiras, lenha; enraizar pivotantemente; atrair predadores de pragas; ter alta capacidade de despoluir e de oxigenar; disponibilizar substâncias e compostos medicamentosos para trato da saúde (plantas medicinais), etc.



Fig. 3 - Itajaí, SC, Brasil, 20 out 2010. Foto: A. Rieder

O verde urbano atrai e possibilita a re-instalação da diversidade biológica animal também, assim como o estabelecimento de um controle natural sobre animais-pragas, evitando explosão populacional

O verde vegetal é uma dádiva divina para propiciar a vida neste nosso planeta. É a indústria do princípio de tudo, pois daí origina-se a produção primária de biomassa: alimento; matéria prima para abrigos, instrumentos, acomodações, decorações, comunicação (ex.: papel) energia; medicamentos, etc.

Organizações de saúde (OMS) mundialmente respeitadas recomendam por volta 12 m2 de área verde por habitante. O novo código florestal prestes a ser implantado no Brasil indica que deve haver 20 m2 em média, bem distribuídos, por habitante brasileiro. Isto é um grande avanço, e quem não puder ter isto pode pagar por serviços ambientais a outros que tem sobrando.

Um grande desafio, que se tem é convencer cada cidadão atual para dar sua contribuição a implantação do verde urbano requerido, enquanto as futuras gerações adultas devem ser convencidas principalmente pelas escolas, através do processo formal de ensino-aprendizagem, complementado por ações e informações desde familiares, de associações e até da mídia massiva.

Professore(a)s: temos uma desafiadora e bela tarefa pela frente, de educar para um verde urbano planejado, implantado e mantido, oferecido para as atuais e futuras gerações, que se sucedem.


(1) Parte de uma palestra sobre o “verde urbano” em escolas de Cáceres (MT); Articulação: Grupo Pesq. - FLOBIO, PRAGADU, e pela Assessoria de Extensão da Coord. Do Campus Universitário de Cáceres, Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT).
(2) Prof./Extensionista/Pesquisador; Dr. em Saúde e Ambiente: Unemat/Empaer-MT, Cáceres (MT), 2 de abril 2012.

Notas editoriais:
(i) A edição dos artigos no âmbito do blogger exige um conjunto de procedimentos que tornam difícil a revisão final editorial designadamente em termos de marcações a bold/negrito e em itálico; pelo que eventuais imperfeições editoriais deste tipo são, por regra, da responsabilidade da edição do Infohabitar, pois, designadamente, no caso de artigos longos uma edição mais perfeita exigiria um esforço editorial difícil de garantir considerando o ritmo semanal de edição do Infohabitar.
(ii) Por razões idênticas às que acabaram de ser referidas certas simbologias e certos pormenores editoriais têm de ser simplificados e/ou passados a texto corrido para edição no blogger.
(iii) Embora a edição dos artigos editados no Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada por um significativo nível técnico, as opiniões expressas nos artigos apenas traduzem o pensamento e as posições individuais dos respectivos autores.


Infohabitar a Revista do Grupo Habitar
Infohabitar, Ano VIII, n.º 393
Editor: António Baptista Coelho
Edição de José Baptista Coelho
Lisboa, Encarnação - Olivais Norte



domingo, maio 06, 2012

392 - Habitar a cidade e as paisagens de proximidade (artigo); e Notícias do 2.º CIHEL - Infohabitar 392


Infohabitar, Ano VIII, n.º 392
Artigo da semana: Habitar a cidade e as paisagens de proximidade - Artigo XII, da série habitar e viver melhor
Notícias do 2.º CIHEL


Notícias do 2.º CIHEL
Notas breves sobre o 2.º CIHEL - 2.º Congresso Internacional da Habitação no Espaço Lusófono, que terá lugar no LNEC em março de 2013 sobre o tema "Habitação, Cidade, Território e Desenvolvimento":

(i) Foram já recebidos os primeiros resumos propostos para comunicações.
(ii) O site do 2.º CIHEL, que está a ser desenvolvido pelos respectivos serviços do LNEC, estará, em breve, activo.
(iii) As diversas Comissões de enquadramento e apoio ao 2.º CIHEL estão em fase muito adiantada de desenvolvimento.
(iv) Há novos e importantes apoios institucionais que serão oportunamente divulgados.
(v) Há novas inciativas associadas ao 2.º CIHEL que serão oportunamente apresentadas.
(vi) A prevista actualização do logótipo do CIHEL, para aplicação neste 2.º Congresso está já a ser concretizada no âmbito das actividades lectivas do Curso Profissional de Técnico de Design Gráfico da Escola Secundária de Sacavém; e será objecto de um artigo específico de apresentação.

E remetem-se, desde já, os leitores para o recente artigo nesta revista onde se faz a apresentação pormenorizada do Congresso e dos respectivos contactos:
http://infohabitar.blogspot.pt/2012/04/2-cihel-lisboa-lnec-marco-2013.html




A direção do 2.º CIHEL:
António Baptista Coelho, António reis Cabrita e Jorge Grandão Lopes
O Presidente da Comissão Científica do 2.º CIHEL:
Paulo Tormenta Pinto






Habitar a cidade e as paisagens de proximidade
Artigo XII, da série habitar e viver melhor
António Baptista Coelho

No presente artigo desenvolve-se uma reflexão sobre um habitar expandido para lá das paredes da habitação de cada um e, designadamente, para os "terceiros" espaços, ou terceiro "sítios", um conceito desenvolvido por Ray Oldenburg (1) e que este autor liga, de forma destacada, designadamente, ao café da esquina, à livraria, ao bar, ao cabeleireiro; terceiros sítios, pois estão para além dos outros dois sítios principais, na vida de cada um, o sítio de trabalho e o sítio doméstico, e espaços que, podem e devem ser “sítios de estadia no coração da comunidade”, como refere Oldenburg, e não é possível deixar de salientar aqui o grande número de casos, nas nossas cidade e povoações, em que ou nem há espaços/sítios desse tipo, ou eles são desenvolvidos sem quaisquer cuidados de funcionalidade e de sensibilidade, esta última essencial para se poderem criar verdadeiros "sítios" de vivência hurmana e urbana de proximidade.

Esta reflexão inicia-se com a perspectiva da urgente recuperaçao de um uso intenso do exterior na cidade e no habitar e desenvolve-se, depois, numa abordagem mais focada da essencial e associada criação de verdadeiras paisagens de proximidade.






Recuperar um uso intenso do exterior na cidade e no habitar

No espaço privado do habitar é fundamental assumir cada vez mais a habitação como várias habitações, e considerar a habitação também como lugar de trabalho (no “den”) e de recreio, a habitação como espaço que deve responder a um amplo leque de necessidades e desejos, simultâneos e sequenciais, aprofundando-se, assim, os aspectos de adaptabilidade e de redução/anulação das hierarquias funcionais domésticas, assim como os aspectos de apoio a diversos modos de vida, desde os mais jovens e conviviais aos mais recatados e assistidos, como poderá acontecer no caso dos idosos.

E importa pensar o habitar para além dos compartimentos interiores, libertando-nos de limitações sem sentido e avançando, seja na recuperação de novos/velhos modos de ligar o espaço privado ao espaço público, directa ou indirectamente, através de estimulantes espaços de transição e de limiar, seja na própria utilização do exterior coberto e descoberto como espaço próprio dos nossos mundos habitacionais privados (re)ganhando uma outra dimensão para as nossas habitações.

Fora do espaço habitacional privado uma fundamentada inovação no habitar parece dever centrar-se nas soluções de vizinhança, numa tendência que se julga ter grande potencial. Estão neste caso quer misturas tipológicas variadas e razoavelmente compactas, criando ruas, pracetas residenciais e vizinhanças afirmadas, servidas por diversas tipologias de acesso e edifícios fortemente articulados com espaços exteriores públicos, embora, por vezes, com um carácter de fruição aparentemente limitado às respectivas vizinhanças, quer um uso específico dos espaços exteriores à porta de casa e dos equipamentos mais próximos como verdadeiras extensões dos nossos mundos domésticos, uma condição que exige elevada capacidade e sensibilidade de concepção.

E aqui, nas ruas e pracetas de uma cidade que se quer habitada, é essencial a sua devolução à estima e ao intenso uso públicos, pois, como defende Jan Gehl (2), enquanto, antigamente, uma casa cheia de gente era uma pequena cidade, hoje em dia os que vivem sós, ou em pequenos grupos, precisam, criticamente, da vida urbana, e de uma vida urbana de vizinhança e de centralidade, para viverem com diversidade e estímulo; é, portanto, crucial que o habitar invada as vizinhanças urbanas e a própria cidade central.

Em tudo isto há que ter, naturalmente, em conta o sítio que se habita, mas no nosso País as possibilidades estarão entre zonas em que há uma muito razoável possibilidade de uso do exterior, durante todo o ano e outras zonas onde tal possibilidade é intensa durante todo o ano, ganhando-se, assim, tendencialmente muito espaço habitável com um custo baixo, pois trata-se, em muitos casos, de espaços só pavimentados, ou pavimentados e parcialmente cobertos, ou cobertos com elementos vegetais ou simples dispositivos de sombreamento.

Naturalmente que estas opções têm influência directa numa busca de soluções tipológicas diferentes dos habituais apartamentos do designado tipo “esquerdo/direito”, mas desta forma acabam por ser mais uma razão para se avançar numa tal inovação.

Tudo isto se baseia numa expressiva diversidade de soluções urbanas e residenciais, que devem ser feitas especificamente para cada situação, caracterizando positivamente cada sítio, com pontes claras de adequação ou adaptáveis a hábitos e gostos específicos e com um forte sentido de identidade urbana, alargando o habitar à cidade habitada, com vantagens duplas: para quem assim tem um habitar muito mais amplo e diversificado; e para uma cidade que assim irá respirar num tecido verdadeiramente habitado e sentido.

Fica, assim, a esperança de que habitar a vizinhança, o pequeno bairro e a cidade possa voltar a ser bastante mais do que habitar a casa de cada um de uma forma mais ou menos “doentia”, num isolamento tirano e tornado crítico, não com as novas tecnologias, porque estas criam laços complementares, mas por uma forma de estar na sociedade em que parece que praticamente só o indivíduo conta.





Criação de verdadeiras paisagens de proximidade

Naturalmente que a recuperação de um uso intenso do exterior na cidade e no habitar, que acabou de ser abordada e defendida, terá tudo a ver com uma adequada (re)criação de verdadeiras paisagens de proximidade, e sobre esta estimulante e urgente matéria, crucial num contexto de crítica deterioração das nossas paisagens urbanas, há que referir, em primeiro lugar, dois aspectos que se julga serem determinantes.

Um primeiro aspecto é que a construção de verdadeiras paisagens de proximidade, adequadas, mas, para além de adequadas, projectadas com qualidade arquitectónica e com verdadeira caracterização local e/ou específica, é um assunto essencial da Arquitectura, pois toda a obra resulta em boa parte dessa relação com o local e nessa relação adquire boa parte do seu carácter; um aspecto que numa linguagem mais corrente tem a ver com a possibilidade de se criarem sítios relativamente únicos e atraentes, excelentes contentores de uma identidade paisagística local, ou de imagem urbana local, que seja um claro elemento aditivo de construção de uma paisagem urbana rica e diversificada.

Um segundo aspecto tem a ver com ser fundamental trabalhar a proximidade, nos seus aspectos de pormenorização, de cuidada diferenciação e de adaptação às inúmeras circunstâncias locais, quando se projecta a escala urbana da vizinhança, pois este é um nível urbano, fundamentalmente usado a pé e com relativo vagar, em que todos dirigimos um máximo de atenção para os aspectos do pormenor, e se ele não existir (como por vezes/tantas vezes não existe) ou se ele for deficiente (como tantas vezes acontece), dificilmente poderá desenvolver-se a fundamental estima para com estes espaços de proximidade.





Há ainda um terceiro aspecto, menos palpável, mas igualmente interessante, que se poderá definir como a capacidade activa de uma paisagem de proximidade para a construção de um sentimento local específico, muito efectivo e afectivo de forte interiorização residencial, um sentimento que poderá marcar os residentes de uma dada vizinhança, com dimensões flexíveis, mas nunca excessivas, e que se caracteriza, frequentemente, por aspectos específicos ou conjugados ligados a um sentido de sítio único e por vezes agradavelmente misterioso, a um sentimento de lugar protector e de sossego, e mesmo a um agradável e ambíguo sentido de imersão na natureza, mas em forte integração urbana.

Tudo isto nunca será possível quando encaramos o habitar como da porta da casa para dentro, pois tudo isto tem a ver com a integração ampla desse habitar e com as formas como ele se relaciona com o seu meio urbano e paisagístico, seja em aspectos de acessibilidade funcional, seja nas fundamentais matérias das visibilidades mútuas e da criação de percursos estratégicos e agradáveis.

E remata-se este pequeno “ponto” sobre as paisagens de proximidade referindo que estamos a tratar de paisagem urbana, ainda que, eventualmente, possa ser ruralizada, e estamos a tratar de sequências e enfiamentos, de vistas de referência e de elementos de surpresa, e tudo isto estamos a tratar sem uma objectiva preocupação de dimensão espacial, pois a relação entre um edifício e o seu passeio contíguo é já paisagem de proximidade, numa diversificação de possibilidades que encontra nas sequências citadinas, de muitas épocas, um inesgotável manancial de referências. Aassim haja a capacidade, a criatividade e a honestidade intelectual para as construir e pormenorizar com uma coerência que tem de ser formal/cultural/sentimental, funcional e construtiva.

Notas bibliográficas:

(1) O conceito dos "terceiros espaços" no habitar - 1.º espaço, a habitação; 2.º espaço, o trabalho; 3.º espaço, o espaço "livre" do lazer, do convívio e também eventualmente do trabalho, mas realizado nos sítios mais diversos - foi introduzido por Ray Oldenburg em “The Great Good Place : Cafes, coffee shops, bookstores, bars, hair salons and other hangouts at the heart of a community”, 1999 (1989).
(2) Jan GEHL,«A Changing Street Life in a Changing Society» in http://repositories.cdlib.org/ced/places/vol6/iss1/JanGehl/, consultado em 13.02.2009.

Notas editoriais:
(i) A edição dos artigos no âmbito do blogger exige um conjunto de procedimentos que tornam difícil a revisão final editorial designadamente em termos de marcações a bold/negrito e em itálico; pelo que eventuais imperfeições editoriais deste tipo são, por regra, da responsabilidade da edição do Infohabitar, pois, designadamente, no caso de artigos longos uma edição mais perfeita exigiria um esforço editorial difícil de garantir considerando o ritmo semanal de edição do Infohabitar.
(ii) Por razões idênticas às que acabaram de ser referidas certas simbologias e certos pormenores editoriais têm de ser simplificados e/ou passados a texto corrido para edição no blogger.
(iii) Embora a edição dos artigos editados no Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada por um significativo nível técnico, as opiniões expressas nos artigos apenas traduzem o pensamento e as posições individuais dos respectivos autores.


Infohabitar a Revista do Grupo Habitar

Editor: António Baptista Coelho
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Infohabitar n.º 392