segunda-feira, abril 25, 2016

579 - Espaços domésticos privados - Infohabitar n.º 579


Infohabitar, Ano XII, n.º 579

Espaços domésticos privados - Infohabitar n.º 579

Artigo XCVI da Série habitar e viver melhor
António Baptista Coelho

Nas próximas semanas, aqui nesta série editorial, viajaremos, mais um pouco, pelos espaços domésticos privativos e pessoais, portanto aqueles mais amigos de um uso individual, ou muito ligado ao casal, e onde, também não há que excluir os outros, mas sim acolhê-los marcando, aqui, ainda mais fortemente, aspectos de identidade e de abrigo.

O que pode ajudar a caracterizar a nossa casa como um sítio diferente de um simples espaço de estadia/abrigo é, exactamente, a associação entre as actividades correntes da habitação e inúmeras outras actividades ligadas, quer ao trabalho diversificado, quer ao lazer, quer ao colecionismo (nas sua mais variadas formas), quer a características e modos de habitar específicos e bem distintos dessas actividades referidas como correntes e que se associam, frequentemente, a tipos específicos de compartimentos (sala/estar, quartos/dormir, casa de banho/higiene pessoal, vestíbulo/entrar, etc.).

Realmente, o que poderá ajudar a identificar positivamente uma dada habitação será a capacidade por ela oferecida para que em cada um dos seus espaços, mais correntes, possam ser realizadas muitas outras actividades diferentes daquelas que, habitualmente, aí são realizáveis.

Cumulativamente, uma tal diversidade de potenciais identificações numa dada habitação também dependerá da capacidade, por ela oferecida, para se “transmutar” ou converter no “reino” doméstico mais apropriado para as mais distintas e específicas formas de habitar.

E o que apetece comentar sobre isto é que esta perspectiva é sem dúvida muito mais aliciante do que a que é pobremente oferecida por habitações “unifuncionais” e mesmo “uniformais”, onde em cada um dos seus espaços dificilmente é possível desenvolver outras actividades do que aquelas consideradas correntes pela “família tipo” da “cultura dominante”, e com formas idênticas.

São os seguintes os diversos tipos de espaços domésticos pessoais de que aqui “falaremos”, caso a caso, nas próximas semanas:

- Quartos
- Espaço de lazer/trabalho
- Pequenos escritórios e espaços de trabalho profissional em casa
- Outros espaços privativos e diferenciados
- Recantos vários
- Alcovas em espaços domésticos comuns

Mas para fazer avançar, desde já, um pouco uma matéria que se julga bem aliciante, apontam-se em seguida, exploratoriamente, alguns aspetos gerais sobre alguns desses espaços e recantos domésticos.

Quartos não apenas para dormir, espaços de apropiação, intimidade e sossego
O quarto pode ser o quarto de dormir clássico, praticamente estruturado pelo espaço/cama, sem grandes ambientes/actividades complementares ou paralelas, ou pode constituir um conjunto de zonas de actividade entre as quais as associadas ao espaço/cama terão algumas preponderâncias, mas proporcionando pequenas áreas de lazer, estar e trabalho.
Durante anos e ainda hoje, muita da promoção habitacional "comercial", propôs uma “zona íntima” doméstica, onde se agregavam muitas vezes com carácter quase segregado do resto da habitação, todos os quartos da habitação, um sítio quase isolado, onde afinal acabava por se desenvolver uma espécie de desprivatização ou proximidade excessiva, muitas vezes associada a um exíguo corredor ou vestíbulo interior para o qual dão todos os quartos e as principais casas de banho.

Escritórios e espaços de trabalho profissional em casa

Esta temática do trabalho profissional ou não-doméstico em casa – habitual e globalmente designado por home-office – poderia inaugurar um outro grande tema desta série editorial, o que não se pretende, pensando-se no tema numa perspectiva suplementar às actividades mais directamente ligadas à habitação.

Os espaços para trabalho profissional ou não-doméstico em casa devem ser razoavelmente separados dos restantes espaços da casa e estarem próximos do vestíbulo de entrada, tanto porque podem apoiar actividades que exigem algum sossego e isolamento (escrita, estudo e leitura) ou porque podem ser pouco compatíveis com a habitação (produzem ruídos e lixos), ou porque essas actividades podem incluir a recepção de estranhos à família.

Espaços de lazer domésticos que sejam atraentes e estimulantes
O que se referiu para os espaços de trabalho em casa aplica-se, em boa parte, aos espaços de lazer domésticos, até porque frequentemente serão ténues as fronteiras entre trabalho e lazer em casa, havendo, por exemplo, passatempos que sendo acções de lazer exigem verdadeiros espaços especializados e, frequentemente, oficinais.

Casas de banho e espaços de banho privativos

Importa sublinhar a possibilidade de desenvolvimento da “figura” do espaço de banho com um sentido caracterizador e caracterizado por determinadas formas de viver a habitação. Situação que poderá ligar-se ao desenvolvimento de associações entre espaços de banho e outros espaços de estar, dormir e lazer com forte carácter identitário e relativamente privativo, embora espacialmente pouco controlado em termos dimensionais. O exemplo de um tal espaço é o sítio de banho de uma das grandes casas projetadas pelo Arq.º Charles Moore, que se integra num espaço de estar e assume mesmo uma posição destacada neste espaço.

Os pequenos grandes mundos do pormenor doméstico
O que se irá comentar sobre o detalhe doméstico serão, essencialmente, matérias suplementares, ou melhor dito, paralelas, às já referidas sobre os espaços da habitação,  e praticamente não dedicadas aos aspectos funcionais, já amplamente visados em diversos estudos, mas privilegiando determinadas notas associadas às opções de Arquitectura interior e ao seu diálogo com os habitantes ao serviço das opções gerais apontadas nas respectivas soluções domésticas.

·         Nota importante sobre as imagens que ilustram o artigo:
As imagens que acompanham este artigo e que irão, também, acompanhar outros artigos desta mesma série editorial foram recolhidas pelo autor do artigo na visita que realizou à exposição habitacional "Bo01 City of Tomorrow", que teve lugar em Malmö em 2001.
Aproveita-se para lembrar o grande interesse desta exposição e para registar que a Bo01 foi organizada pelo “organismo de exposições habitacionais sueco” (Svensk Bostadsmässa), que integra o Conselho Nacional de Planeamento e Construção Habitacional (SABO), a Associação Sueca das Companhias Municipais de Habitação, a Associação Sueca das Autoridades Locais e quinze municípios suecos; salienta-se ainda que a Bo01 teve apoio financeiro da Comissão Europeia, designadamente, no que se refere ao desenvolvimento de soluções urbanas sustentáveis no campo da eficácia energética, bem como apoios técnicos por parte do da Administração Nacional Sueca da Energia e do Instituto de Ciência e Tecnologia de Lund.
A Bo01 foi o primeiro desenvolvimento/fase do novo bairro de  Malmö, designado como Västra Hamnen (O Porto Oeste) uma das principais áreas urbanas de desenvolvimento da cidade no futuro.
Mais se refere que, sempre que seja possível, as imagens recolhidas pelo autor do artigo na Bo01 serão referidas aos respetivos projetistas dos edifícios visitados; no entanto, o elevado número de imagens de interiores domésticos então recolhidas dificulta a identificação dos respetivos projetistas de Arquitetura, não havendo informação adequada sobre os respetivos designers de equipamento (mobiliário) e eventuais projetistas de arquitetura de interiores; situação pela qual se apresentam as devidas desculpas aos respetivos projetistas e designers, tendo-se em conta, quer as frequentes ausências de referências - que serão, infelizmente, regra em relação aos referidos designers -, quer os eventuais lapsos ou ausência de referências aos respetivos projetistas de arquitetura.
·        Notas editoriais:
(i) Embora a edição dos artigos editados na Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada por um significativo nível técnico e científico, as opiniões expressas nos artigos e comentários apenas traduzem o pensamento e as posições individuais dos respectivos autores desses artigos e comentários, sendo portanto da exclusiva responsabilidade dos mesmos autores.
(ii) De acordo com o mesmo sentido, de se tentar assegurar o referido e adequado nível técnico e científico da Infohabitar e tendo em conta a ocorrência de uma quantidade muito significativa de comentários "automatizados" e/ou que nada têm a ver com a tipologia global dos conteúdos temáticos tratados na Infohabitar e pelo GHabitar, a respetiva edição da revista condiciona a edição dos comentários à respetiva moderação, pelos editores; uma moderação que se circunscreve, apenas e exclusivamente, à verificação de que o comentário é pertinente no sentido do teor editorial da revista; naturalmente , podendo ser de teor positivo ou negativo em termos de eventuais críticas, e sendo editado tal e qual foi recebido na edição.

Espaços domésticos privados

Infohabitar, Ano XII, n.º 579
Artigo XCVI da Série habitar e viver melhor

- Infohabitar n.º 579

Editor: António Baptista Coelho – abc@ubi.pt, abc@lnec.pt e abc.infohabitar@gmail.com
GHabitar (GH) Associação Portuguesa para a Promoção da Qualidade Habitacional
Edição: José Baptista Coelho - Lisboa, Encarnação - Olivais Norte.



segunda-feira, abril 18, 2016

578 - Garagens comuns habitacionais - Infohabitar n.º 578

Garagens comuns habitacionais - Infohabitar n.º 578

– Infohabitar n.º 578
António Baptista Coelho
Artigo XCV da Série habitar e viver melhor

Inovação em garagens comuns habitacionais

As associações interessantes em garagens comuns podem ser feitas com a luz natural, rasante e valorizadora de paredes com texturas estimulantes – por exemplo de betão descofrado aparente ou bem liso, de tijolo aparente ou mesmo de pedra –, com lanternins superiores que inundem a garagem de luz, com amplos vãos paisagísticos pontualmente abertos no negrume da garagem e mesmo com pequenos pátios eventualmente rusticamente ajardinados que além da luz natural tragam a natureza para o espaço-caverna da garagem.

Todas estas ideias, mais adequadas ou menos adequadas às mais diversas soluções de edifícios, ajudam muito a transformar o espaço soturno, triste e tendencialmente “claustrofóbico” de uma garagem num ambiente vivo, ou mais vivo, que as pessoas usam para entrar e sair do edifício, onde a funcionalidade naturalmente tem de imperar em termos da manobra e estacionamento de veículos privados, onde é essencial a garantia da segurança das pessoas e dos próprios veículos, mas onde é possível, tal como já se apontou, garantir tudo isto, disponibilizando também um ambiente agradável em termos de alguma luz natural e adequada ventilação.

No que se refere à própria arquitectura de interiores que tem de ser cuidada – não é por se tratar de uma garagem que não se desenha o respectivo espaço, globalmente e em pormenor, afinal, não estamos a tratar de um armazém, mas sim da principal zona de entrada e saída diária dos habitantes – e, ainda nesta matéria de uma cuidada, ainda que simplificada e “rústica”/durável escolha de soluções espaciais e de acabamento, podemos libertar a nossa imaginação criadora e transformar o espaço garagem num trunfo suplementar do espaço habitacional global, através de soluções curiosas, engenhosas e estimulantes, por exemplo reforçando um certo sentido de “caverna” protectora ou, pelo contrário, desenvolvendo o espaço de garagem como um volume complementar da parte principal do edifício, que o prolonga e que lhe confere uma mais marcante expressão, propiciando-se, num e noutro casos interessantes sequências de relação entre a garagem e os acessos às habitações, sequências estas que podem acontecer, por exemplo, como percursos quase-secretos e muito marcados pela escala e pela apropriação humanas.

O contrário de tudo isto, infelizmente, faz parte do dia-a-dia de muitos de nós, e poucas palavras merece e já não é mau quando o acabamento das “garagens-armazéns” é cuidado, as suas dimensões são regulares e desafogadas e a relação com os acessos ao interior do edifício estão bem acabados e sinalizados.

E há que comentar que, mais uma vez, a questão fundamental não é haver mais dinheiro para se fazer melhor, mas sim haver mais “Arquitectura”.

Fig. 01: Uma solução também extremamente interessante para garagens comuns residenciais, que podem e devem também servir como estacionamento público, é a fusão de um conjunto de garagens de vários edifícios num único grande estacionamento, que é funcionalmente muito eficaz (e até mais económica em termos de custos) e que pode ter uma gestão igualmente muito eficaz, e que poderá funcionar praticamente como uma “rua subterrânea” proporcionando além da funcionalidade própria, uma grande eficácia, amplitude, caraterização e agradabilidade a amplas zonas pedonais que caraterizem o respetivo quarteirão urbano onde tal situação é aplicada - habitações do conjunto urbano "Bo01 City of Tomorrow", desenvolvido no âmbito da exposição que teve lugar em Malmö em 2001 (ver nota final) - Arquitetura: vários arquitetos, o edifício mais próximo, do lado direito da imagem, é de Ralph Erskine.

Fig. 02: veja-se, na imagem, de pormenor, a espaciosidade do acesso ao estacionamento (com vias de entrada e saída específicas), que deixa de ser um “buraco negro” para se tornar uma verdadeira rua subterrânea, muito mais acolhedora (visualmente vem evidenciada em termos de imagem urbana) e funcional do que a corrente disseminação de estacionamentos privativos de edifícios específicos.

Hábitos e problemas correntes em garagens comuns habitacionais

Para além dos correntes problemas associados a garagens comuns residenciais que são, apenas, depósitos de veículos, e por vezes depósitos muito pouco funcionais, não contendo nenhuma qualidade associável a um ambiente residencial suavizado, envolvente e atraentemente caracterizado, os problemas correntes em garagens comuns ligam-se a negativas condições de manobra e estacionamento, de conforto ambiental – ausência de luz natural, más condições de ventilação – e de segurança no uso, considerando especificamente, riscos de incêndio e de intrusão e roubo.
Para além deste novelo de problemas frequentes outro há, igualmente importante, e que tem a ver com a arrumação desordenada ou mesmo caótica dos mais diversos tipos de objectos e produtos, aproveitando para arrumações, no interior de cada recinto de parqueamento, todos os recantos não ocupados pelo respectivo veículo. Uma situação que só pode ter uma resposta dupla e eficaz, quer pela oferta de adequadas condições de arrumação privativas fora da habitação e preferencialmente destacadas da zona de estacionamento de veículos, quer pela proibição rigorosa de qualquer tipo de arrumação nesta zona, com eventuais e naturais excepções apenas para outros veículos que aí possam ser arrumados, como será o caso de motos e bicicletas.

E é fundamental imprimir a esta disciplina de uso uma execução rigorosa, caso contrário estaremos a contribuir para um gravíssimo risco de eclosão e propagação de incêndios.

Considerando estes aspectos não se considera aceitável em termos de segurança contra incêndio e também em termos de segurança no uso, a existência das chamadas boxes individuais de estacionamento com acesso pelo próprio estacionamento; e lembremos que quando usamos uma garagem é fundamental para nos sentirmos em segurança que aí possamos ter um máximo de visibilidade a toda a nossa volta, o que não é possível com grandes portas fechadas encerrando boxes.

E para se ter um aspecto geral digno e atraente não é possível contemporizar com pilhas caóticas de arrumações informais e bem visíveis.

Questões levantadas em garagens comuns habitacionais

Não se fazem edifícios para se alojarem veículos, mas sim para as pessoas habitarem, mas quando usamos, diariamente, o espaço de garagem comum para entramos e sairmos, como frequentemente acontece, então este espaço de garagem passa a constituir espaço de habitar e como tal deve caracterizar-se, pelo menos, por níveis mínimos de conforto, funcionalidade e atractividade.

E, naturalmente, e como se tentou apontar atrás é possível ultrapassar claramente um tal nível de habitabilidade mínimo, transformando-se a garagem comum num espaço habitacional que pode contribuir activamente para uma verdadeira satisfação com o nosso sítio de residência; e tal como se tem vindo a apontar, para um tal desígnio, muito mais do que dinheiro, conta a pertinácia e a qualidade arquitectónica da solução, aproveitando virtualidades locais, cuidando de escolhas de acabamentos e cores e assegurando que a obra seja acabada com um máximo de qualidade.

Tendências em garagens comuns habitacionais

Em termos de eventuais tendências no desenvolvimento de estacionamentos e garagens residenciais comuns apetece reafirmar alguns aspectos e apontar uma “nova” ideia.

Começando pela nova ideia ela resume-se à noção de que pode haver muitas soluções de estacionamento comum no interior do lote, que, eventualmente, até nem passem pelo corrente estacionamento em garagem e em cave, desde o simples estacionamento à superfície descoberto e reservado aos moradores, a sítios de estacionamento em pisos térreos vazados (apenas cobertos), a alpendres ou edifícios específicos de estacionamento que constituam interessantes volumetrias conjuntas com o edifício principal, ou até garagens em pisos térreos ou mesmo elevados.

Referem-se todas estas soluções porque às vezes parece que, tal como com a solução quase “única” do edifício com habitações esquerdo/direito, também a garagem em cave é a panaceia única para o estacionamento privativo, e por vezes ela ficará tão cara que até nem é economicamente viável.

Numa linha natural de abordagem destas ideias há também que sublinhar que de forma igualmente absurda não se aproveitam, por vezes, simples possibilidades de iluminação e ventilação naturais de garagens comuns e isto não faz qualquer sentido, assim como não faz qualquer sentido que não sejam usadas simples e eficazes soluções de portas e vedações em rede metálica, que proporcionam ventilação e vista e que têm uma presença visual sóbria e bem integrada.

E num sentido de consideração da possível contribuição de uma solução de garagem privativa para a própria solução global de habitar e de imagem urbana local, é perfeitamente possível imaginar soluções em que edifícios e espaços cobertos ou apenas murados que definam e delimitem as soluções de estacionamento privativo, possam contribuir com uma imagem forte, caracterizada e estimulante para uma imagem local e urbana bem identificável, de certo modo substituindo-se o frequente peso negativo da presença do automóvel por “acrescentos” edificado “intermediários”, mais abertos ou mais encerrados, que ajudem a criar relações formal e funcionalmente interessantes e diversificadas entre espaços públicos e edifícios habitacionais, podendo ser muito agradáveis em termos da definição de espaços de recepção semi-públicos ou de transição entre o mundo público, o mundo comum e mesmo alguns “traços” ou antecipações dos próprios mundos privados.

E conclui-se reforçando a ideia de que o estacionamento em garagem comum deve ser tratado como espaço habitacional, sendo portanto agradável e estimulante no seu próprio uso e que tal agradabilidade e estímulo, associada a aspectos de segurança reforçada, terão evidente aplicabilidade numa população cada vez mais idosa.

·         Nota importante sobre as imagens que ilustram o artigo:
As imagens que acompanham este artigo e que irão, também, acompanhar outros artigos desta mesma série editorial foram recolhidas pelo autor do artigo na visita que realizou à exposição habitacional "Bo01 City of Tomorrow", que teve lugar em Malmö em 2001.
Aproveita-se para lembrar o grande interesse desta exposição e para registar que a Bo01 foi organizada pelo “organismo de exposições habitacionais sueco” (Svensk Bostadsmässa), que integra o Conselho Nacional de Planeamento e Construção Habitacional (SABO), a Associação Sueca das Companhias Municipais de Habitação, a Associação Sueca das Autoridades Locais e quinze municípios suecos; salienta-se ainda que a Bo01 teve apoio financeiro da Comissão Europeia, designadamente, no que se refere ao desenvolvimento de soluções urbanas sustentáveis no campo da eficácia energética, bem como apoios técnicos por parte do da Administração Nacional Sueca da Energia e do Instituto de Ciência e Tecnologia de Lund.
A Bo01 foi o primeiro desenvolvimento/fase do novo bairro de  Malmö, designado como Västra Hamnen (O Porto Oeste) uma das principais áreas urbanas de desenvolvimento da cidade no futuro.
Mais se refere que, sempre que seja possível, as imagens recolhidas pelo autor do artigo na Bo01 serão referidas aos respetivos projetistas dos edifícios visitados; no entanto, o elevado número de imagens de interiores domésticos então recolhidas dificulta a identificação dos respetivos projetistas de Arquitetura, não havendo informação adequada sobre os respetivos designers de equipamento (mobiliário) e eventuais projetistas de arquitetura de interiores; situação pela qual se apresentam as devidas desculpas aos respetivos projetistas e designers, tendo-se em conta, quer as frequentes ausências de referências - que serão, infelizmente, regra em relação aos referidos designers -, quer os eventuais lapsos ou ausência de referências aos respetivos projetistas de arquitetura.
·        Notas editoriais:
(i) Embora a edição dos artigos editados na Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada por um significativo nível técnico e científico, as opiniões expressas nos artigos e comentários apenas traduzem o pensamento e as posições individuais dos respectivos autores desses artigos e comentários, sendo portanto da exclusiva responsabilidade dos mesmos autores.
(ii) De acordo com o mesmo sentido, de se tentar assegurar o referido e adequado nível técnico e científico da Infohabitar e tendo em conta a ocorrência de uma quantidade muito significativa de comentários "automatizados" e/ou que nada têm a ver com a tipologia global dos conteúdos temáticos tratados na Infohabitar e pelo GHabitar, a respetiva edição da revista condiciona a edição dos comentários à respetiva moderação, pelos editores; uma moderação que se circunscreve, apenas e exclusivamente, à verificação de que o comentário é pertinente no sentido do teor editorial da revista; naturalmente , podendo ser de teor positivo ou negativo em termos de eventuais críticas, e sendo editado tal e qual foi recebido na edição.

Infohabitar, Ano XII, n.º 578
Artigo XCV da Série habitar e viver melhor

Garagens comuns habitacionais - Infohabitar n.º 578

Editor: António Baptista Coelho – abc@ubi.pt, abc@lnec.pt e abc.infohabitar@gmail.com
GHabitar (GH) Associação Portuguesa para a Promoção da Qualidade Habitacional
Edição: José Baptista Coelho - Lisboa, Encarnação - Olivais Norte.



domingo, abril 10, 2016

577 - Inovação nos espaços comuns habitacionais - Infohabitar n.º 577


NOTÍCIA:


Arquiteta formada na UBI vence Prémio Fernando Távora


Maria Neto apresentou uma proposta referente a um campo de refugiados do Quénia e conquistou o galardão atribuído pela Ordem dos Arquitetos - Secção Regional do Norte.
Maria Neto, arquiteta formada na Universidade da Beira Interior, venceu a 11.ª edição do Prémio Fernando Távora, galardão organizado pela Ordem dos Arquitetos - Secção Regional do Norte.
A antiga aluna da UBI conquistou o júri com a proposta “As cidades invisíveis de Dadaab”, trabalho centrado naquele que é considerado o maior campo de refugiados do mundo, situado no Quénia. Maria Neto, diplomada em Arquitetura pela UBI, é atualmente investigadora do Centro de Estudos de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto.
Desenvolvimento da notícia em http://www.ubi.pt/Noticia/5721

(Artigo da semana da Infohabitar)

Inovação nos espaços comuns habitacionais - Infohabitar n.º 577

António Baptista Coelho
Infohabitar n.º 577
Artigo XCIV da Série habitar e viver melhor

É urgente inovar nos espaços comuns habitacionais

Sobre novidades e tendências nos espaços comuns habitacionais já aqui se falou, nesta série editorial, um pouco, quando se apontaram as diversas questões e opções que se levantam quando se pensa em edifícios multifamiliares com uma mais forte componente de espaços comuns.

No entanto importa termos presente que, por um lado, estamos já bem dentro do século das grandes cidades densificadas, e que, por outro, vivemos, cada vez mais, nesta nossa Europa, o século da diversificação dos modos de vida domésticos, associada à grande diversidade cultural que, cada vez mais, recheia as grandes cidades, e também, cada vez mais, nesta nossa Europa, o século das pessoas que vivem com pressa e que não têm tempo para as tarefas domésticas, o século das pessoas que vivem sós, o século dos idosos, e o século das pessoas que precisam de habitações assistidas, numa ampla gradação de serviços, que vãos dos mais simples aos caracterizadamente hospitalares.

E se repetirmos uma leitura diversa do parágrafo anterior verificamos que densificação urbana, diversidade no uso e apropriação da habitação, a falta de tempo para as velhas lides domésticas, a prevalência de habitações pequenas e a necessidade de amplos leques de serviços de apoio directo às habitações, são, todos eles, aspectos potencialmente ligados à emergência de uma ampla diversidade de soluções residenciais com uma forte valência em espaços e serviços comuns.

Mas para que tais soluções residenciais marcadamente “comuns” possam ter êxito, não tenhamos quaisquer dúvidas de que o combate que apenas se iniciou pela humanização e “domesticação” dos conjuntos residenciais e dos edifícios habitacionais, terá de ter uma claríssima e fortíssima expressão na concepção global, na pormenorização e na caracterização dos referidos espaços comuns dessas soluções residenciais; caso contrário mais vale nem pensar nelas e continuarmos a fazer o edifício “médio”, com a habitação “média”, para a família “média”.




Fig. 01:  a inovação fundamentada e urgente nas soluções de multifamiliares passa tanto pela respetiva imagem geral e respetivos aspetos de pormenor, como pelos seus conteúdos funcionais globais e particularizados, e é neste sentido que se ilustra o artigo como esta solução residencial que integra um edifício multifamiliar com dimensão reduzida com pequenos unifamiliares em banda, que podem ter inúmeras utilidades na relação com uma vivência multifamiliar mais comum; sendo que toda esta perspetiva se liga, estreitamente, seja com aspetos bem atuais de densificação urbana (veja-se a maqueta), seja com aspetos também bem atuais de disponibilização de novas tipologias habitacionais assistidas  (com serviços comuns); e todas estas ideias concretas proporcionam novas formas de viver a cidade e uma certa continuidade da família alargada e solidária -   - habitações do conjunto urbano "Bo01 City of Tomorrow", desenvolvido no âmbito da exposição que teve lugar em Malmö em 2001 (ver nota final) - Arquitetura: Johan Nyrén.


Espaços comuns e habitação assistida

Um conjunto de espaços comuns residenciais deve ser, sempre, um atributo de qualidade acrescido na vivência de quem escolha uma tal solução; e quando esta pessoa sai do seu apartamento ou da sua suite privativa, ele deve sentir-se sempre como se estivesse ainda na sua “casa”, estando numa outra “casa” que é também dos outros habitantes desta “casa” maior, uma “casa” que tem de ser, claramente, uma sede de um leque de serviços aos quais ele muito dificilmente teria acesso se continuasse a viver na sua casa “média”.

E, naturalmente, não é admissível que o habitante se tenha de endividar para poder viver deste modo, pois, afinal, no caso mais corrente, ele só precisa de serviços mínimos de apoio doméstico e a principal vantagem que recolhe dos espaços e serviços comuns é a companhia e o convívio espontâneo com outros moradores, uma benesse que até nem há razão para que tenha de ser paga; outros serviços e outros equipamentos poderão ser, sempre, proporcionados numa base opcional e dirigidos a um mercado muito mais largo do que o daquele condomínio específico.

A espaciosidade nos espaços comuns

No entanto, a espaciosidade comum é um aspecto que pode constituir-se numa evidente mais-valia em termos de diversificação dos usos do edifício residencial e da sua capacidade funcional e de convívio. Podemos optar pela espaciosidade mínima, aquela que deverá levar tudo o resto que não é doméstico para a rua pública, e esta é uma opção claramente válida, mas que tem de ter as devidas contrapartidas nessa rua pública, que tem de ser sossegada, animada e humanizada, ainda que em diversas zonas de uso; ou podemos optar por uma espaciosidade comum folgada, desde que bem ligada a usos directos e potenciais, proporcionando estadias e opções inesperadas no dia-a-dia.

Mas fazermos espaços comuns exíguos que levam a ruas mortas, ou amplos espaços comuns, cuja amplidão é apenas dimensional e não motiva usos e apropriações parecem ser opções sem sentido.

Virtualidades domésticas do estacionamento em garagem

Este título suscitará, naturalmente, dúvidas, mas a ideia é, simplesmente, que o estacionamento comum em garagem possa ser um espaço, pelo menos, minimamente agradável e com algum carácter doméstico, e deixe de ser uma espécie de “cave” residual, estritamente funcional, por vezes suja e frequentemente mal iluminada e com cheiros, por vezes, menos agradáveis através da qual entramos e saímos, quase sempre, no nosso edifício.
Não se irá aqui desenvolver muito o tema, mas somente apontar algumas ideias que se julga simples e que poderão garantir uma clara subida da qualidade residencial das garagens comuns.

(nota: esta matéria será desenvolvida na próxima semana)

·         Nota importante sobre as imagens que ilustram o artigo:
As imagens que acompanham este artigo e que irão, também, acompanhar outros artigos desta mesma série editorial foram recolhidas pelo autor do artigo na visita que realizou à exposição habitacional "Bo01 City of Tomorrow", que teve lugar em Malmö em 2001.
Aproveita-se para lembrar o grande interesse desta exposição e para registar que a Bo01 foi organizada pelo “organismo de exposições habitacionais sueco” (Svensk Bostadsmässa), que integra o Conselho Nacional de Planeamento e Construção Habitacional (SABO), a Associação Sueca das Companhias Municipais de Habitação, a Associação Sueca das Autoridades Locais e quinze municípios suecos; salienta-se ainda que a Bo01 teve apoio financeiro da Comissão Europeia, designadamente, no que se refere ao desenvolvimento de soluções urbanas sustentáveis no campo da eficácia energética, bem como apoios técnicos por parte do da Administração Nacional Sueca da Energia e do Instituto de Ciência e Tecnologia de Lund.
A Bo01 foi o primeiro desenvolvimento/fase do novo bairro de  Malmö, designado como Västra Hamnen (O Porto Oeste) uma das principais áreas urbanas de desenvolvimento da cidade no futuro.
Mais se refere que, sempre que seja possível, as imagens recolhidas pelo autor do artigo na Bo01 serão referidas aos respetivos projetistas dos edifícios visitados; no entanto, o elevado número de imagens de interiores domésticos então recolhidas dificulta a identificação dos respetivos projetistas de Arquitetura, não havendo informação adequada sobre os respetivos designers de equipamento (mobiliário) e eventuais projetistas de arquitetura de interiores; situação pela qual se apresentam as devidas desculpas aos respetivos projetistas e designers, tendo-se em conta, quer as frequentes ausências de referências - que serão, infelizmente, regra em relação aos referidos designers -, quer os eventuais lapsos ou ausência de referências aos respetivos projetistas de arquitetura.
·        Notas editoriais:
(i) Embora a edição dos artigos editados na Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada por um significativo nível técnico e científico, as opiniões expressas nos artigos e comentários apenas traduzem o pensamento e as posições individuais dos respectivos autores desses artigos e comentários, sendo portanto da exclusiva responsabilidade dos mesmos autores.
(ii) De acordo com o mesmo sentido, de se tentar assegurar o referido e adequado nível técnico e científico da Infohabitar e tendo em conta a ocorrência de uma quantidade muito significativa de comentários "automatizados" e/ou que nada têm a ver com a tipologia global dos conteúdos temáticos tratados na Infohabitar e pelo GHabitar, a respetiva edição da revista condiciona a edição dos comentários à respetiva moderação, pelos editores; uma moderação que se circunscreve, apenas e exclusivamente, à verificação de que o comentário é pertinente no sentido do teor editorial da revista; naturalmente , podendo ser de teor positivo ou negativo em termos de eventuais críticas, e sendo editado tal e qual foi recebido na edição.

Infohabitar, Ano XII, n.º 577
Artigo XCIV da Série habitar e viver melhor

Inovação nos espaços comuns habitacionais, Infohabitar n.º 577


Editor: António Baptista Coelho – abc@ubi.pt, abc@lnec.pt e abc.infohabitar@gmail.com
GHabitar (GH) Associação Portuguesa para a Promoção da Qualidade Habitacional
Edição: José Baptista Coelho - Lisboa, Encarnação - Olivais Norte.



domingo, abril 03, 2016

576 - Espaços comuns habitacionais conviviais - Infohabitar n.º 576


Infohabitar, Ano XII, n.º 576

Espaços comuns habitacionais conviviais - Infohabitar n.º 576

– Infohabitar n.º 576
António Baptista Coelho
Artigo XCIII da Série habitar e viver melhor


Espaços comuns para além das circulações

Os principais aspectos motivadores do uso de espaços comuns suplementares aos estritamente dedicados a acessos e circulações, têm a ver com motivadoras condições de acessibilidade, espaciosidade, conforto ambiental – luz natural, isolamento acústico (proporcionando festas), climatização –, equipamento e arranjo interior. E que não haja qualquer dúvida que apenas quando estas condições são extremamente apetecíveis as pessoas terão alguma tendência a saírem dos seus “mundos privados” e a “arriscarem” um maior convívio condominial; e lembremos os espaços de estar dos hotéis e em que condições eles nos atraem mais, e a situação de atracção ou de repulsão é idêntica.

Lembremos que a agradabilidade geral e, diga-se até, uma estimulante curiosidade na vivência de qualquer espaço comum é, claramente, um factor que qualifica positivamente o seu uso, e estamos aqui a referirmo-nos aos espaços comuns estritamente necessários – patins, escadas, galerias -, enquanto que condições opostas aquelas, portanto definindo espaços comuns pouco agradáveis, porque com espaciosidade, desconforto ambiental – sem luz natural, acusticamente mal concebidos (reverberantes) e muito frios ou muito quentes consoante as estações –, e ambientalmente monótonos e pobres, são condições que tornam a vivência comum muito pouco agradável desde logo nas circulações que se têm de fazer, obrigatoriamente, no edifício e que levarão ao abandono de outros espaços comuns assim caracterizados.

Fig. 01:  é essencial que os espaços comuns sejam ambiental e pormenorizadamente agradáveis, estimulantes e verdadeiramente humanizados -   - habitações do conjunto urbano "Bo01 City of Tomorrow", desenvolvido no âmbito da exposição que teve lugar em Malmö em 2001 (ver nota final) - Arquitetura: Johan Nyrén.

Cuidados a ter na “invenção” de novos espaços comuns

Os problemas correntes em espaços comuns suplementares terão, frequentemente, a ver com aspectos de gestão e de harmonização no uso destes espaços, seja numa sua vivência normal, do dia-a-dia, pois um grupo limitado de vizinhos será, sempre, um motivo potencial quer de convivialidade, quer de conflito, seja em acções de usufruto desses espaços por grupos familiares específicos, por exemplo por ocasião de festas de aniversário.

Sobre esta matérias não haverá grandes receitas a não ser a elaboração de um regulamento de condomínio e específico de enquadramento do uso desses espaços que seja tão completo como simples e claro na sua compreensão, a existência de uma gestão de condomínio eficaz e com presença o mais possível contínua – o que poderá implicar gastos suplementares e/ou opções por condomínios de maior dimensão – e, na base de tudo isto um conjunto de espaços e de equipamentos de condomínio que aliem as referidas qualidades vivenciais a um máximo de facilidade de gestão e de manutenção, com um mínimo de potenciais más influências ambientais (por exemplo ruído, luz, movimentação) nos espaços comuns em maior contiguidade com os apartamentos.

Um problema corrente e inibidor do funcionamento de espaços comuns mais afirmados é qualquer sentido de “quase obrigatoriedade” no uso de outros espaços comuns que não aqueles estritamente necessários para o acesso à habitação; não tenhamos qualquer dúvida que qualquer dimensão comum suplementar à estritamente necessária tem de ser totalmente assumida como uma escolha própria de cada habitante, devendo haver uma separação maximizada entre espaços comuns “obrigatórios” (de acesso) e outros espaços comuns “alternativos”, só assim o convívio comum será uma opção livre e estimulante, de outra forma ele terá muito poucas possibilidades de se radicar e dinamizar.


Fig. 02: a questão da procura de espaços comuns que propiciem algum desenvolvimento de convívio natural entre vizinhos é matéria de relevante importância, designadamente, no mundo atual tão individualista e tão expressivamente protector da privacidade, sendo matéria que ganha enorme relevância quando se trata de soluções de edifícios com algum caráter comunitário ou de comunidade de serviços/equipamentos  - habitações do conjunto urbano "Bo01 City of Tomorrow", desenvolvido no âmbito da exposição que teve lugar em Malmö em 2001 (ver nota final) - Arquitetura: Gorän Mansson, Marianne Dahlbäck.

Convívio nos espaços comuns habitacionais

A principal e fundamental questão que se pode colocar é se em edifícios multifamiliares correntes, isto é, marcados essencialmente pelos respectivos apartamentos e sem objectivos específicos de uma vivência comum mais acentuada, haverá interesse no aprofundamento desta dimensão potencialmente mais convivial, ou, pelo menos, mais desafogada na caracterização do nível comum do edifício.

Sobre este assunto poderemos, desde já, apontar que haverá algumas opções a ter em conta: se a operação é marcada por objectivos específicos de economia; se é possível introduzir características de espaciosidade um pouco mais desafogadas em certas zonas estratégicas; e se há tendências de convivialidade comum que interesse apoiar e dinamizar.

E vale a pena reflectir que um pouco mais de espaço comum, além do estritamente necessário, pode custar muito pouco mais e proporcionar uma vivência comum no acesso aos apartamentos muito mais agradável, estimulante e, eventual e naturalmente convivial; e tais condições podem ser simplesmente previstas em patins e átrios ligeiramente mais espaçosos, bem cuidados e bem equipados, e com tais condições pode-se conseguir um edifício com uma dimensão “comum” que não sendo muito especial é, no entanto, muito mais especial do que os simples e tantas vezes claustrofóbicos espaços-canal de acesso rápido ao apartamento de cada um.

Por fim, deve ser sempre possível optar não por um edifício “multifamiliar”, mas por um verdadeiro edifício de “habitação colectiva”, onde haja um verdadeiro nível de habitar em comum, através de espaços, equipamentos e serviços comuns específicos, suplementares ao nível habitacional privativo.

Ainda além desta opção também deve ser possível a opção por uma habitação comunitária – em termos essencialmente funcionais e/ou em termos de verdadeira opção de vida –, em que tais espaços, equipamentos e serviços comuns específicos terão maior desenvolvimento e o nível habitacional privativo esteja, eventualmente, reduzido, essencialmente, aos espaços tipo suite privativa mínima – com diversos “pacotes” de equipamentos próprios; e mesmo esta opção mais comunitária pode ser tomada em conjugação com habitações privativas extensamente desenvolvidas (há muitos casos destes no Norte da Europa), pode caracterizar soluções com forte afinidades hoteleiras, em que o espaço comunitário alberga um leque bem definido de serviços, ou pode ter uma verdadeira dimensão comunitária de partilha de uma boa parte das actividades domésticas.

E a principal questão que se quer deixar, aqui, sublinhada, é que é possível e é desejável poder oferecer mais este leque de opções de viver em comum. De certa forma aqui também se trava a luta entre continuar a fazer sempre a mesma solução corrente – esquerdo/direito, patim pequeno etc. – depois prolongada por habitações sempre iguais – hall, zona de quartos, suite – ou saber oferecer verdadeira diversidade de soluções de habitar, que possam mexer, realmente, com o nosso dia-a-dia, desde que entramos no nosso prédio, até que nos retiramos para repousar um pouco no nosso quarto.

·          Nota importante sobre as imagens que ilustram o artigo:
As imagens que acompanham este artigo e que irão, também, acompanhar outros artigos desta mesma série editorial foram recolhidas pelo autor do artigo na visita que realizou à exposição habitacional "Bo01 City of Tomorrow", que teve lugar em Malmö em 2001.
Aproveita-se para lembrar o grande interesse desta exposição e para registar que a Bo01 foi organizada pelo “organismo de exposições habitacionais sueco” (Svensk Bostadsmässa), que integra o Conselho Nacional de Planeamento e Construção Habitacional (SABO), a Associação Sueca das Companhias Municipais de Habitação, a Associação Sueca das Autoridades Locais e quinze municípios suecos; salienta-se ainda que a Bo01 teve apoio financeiro da Comissão Europeia, designadamente, no que se refere ao desenvolvimento de soluções urbanas sustentáveis no campo da eficácia energética, bem como apoios técnicos por parte do da Administração Nacional Sueca da Energia e do Instituto de Ciência e Tecnologia de Lund.
A Bo01 foi o primeiro desenvolvimento/fase do novo bairro de  Malmö, designado como Västra Hamnen (O Porto Oeste) uma das principais áreas urbanas de desenvolvimento da cidade no futuro.
Mais se refere que, sempre que seja possível, as imagens recolhidas pelo autor do artigo na Bo01 serão referidas aos respetivos projetistas dos edifícios visitados; no entanto, o elevado número de imagens de interiores domésticos então recolhidas dificulta a identificação dos respetivos projetistas de Arquitetura, não havendo informação adequada sobre os respetivos designers de equipamento (mobiliário) e eventuais projetistas de arquitetura de interiores; situação pela qual se apresentam as devidas desculpas aos respetivos projetistas e designers, tendo-se em conta, quer as frequentes ausências de referências - que serão, infelizmente, regra em relação aos referidos designers -, quer os eventuais lapsos ou ausência de referências aos respetivos projetistas de arquitetura.
·        Notas editoriais:
(i) Embora a edição dos artigos editados na Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada por um significativo nível técnico e científico, as opiniões expressas nos artigos e comentários apenas traduzem o pensamento e as posições individuais dos respectivos autores desses artigos e comentários, sendo portanto da exclusiva responsabilidade dos mesmos autores.
(ii) De acordo com o mesmo sentido, de se tentar assegurar o referido e adequado nível técnico e científico da Infohabitar e tendo em conta a ocorrência de uma quantidade muito significativa de comentários "automatizados" e/ou que nada têm a ver com a tipologia global dos conteúdos temáticos tratados na Infohabitar e pelo GHabitar, a respetiva edição da revista condiciona a edição dos comentários à respetiva moderação, pelos editores; uma moderação que se circunscreve, apenas e exclusivamente, à verificação de que o comentário é pertinente no sentido do teor editorial da revista; naturalmente , podendo ser de teor positivo ou negativo em termos de eventuais críticas, e sendo editado tal e qual foi recebido na edição.

Infohabitar, Ano XII, n.º 576
Artigo XCIII da Série habitar e viver melhor

Os novos espaços comuns habitacionais conviviais, Infohabitar n.º 576


Editor: António Baptista Coelho – abc@ubi.pt, abc@lnec.pt e abc.infohabitar@gmail.com
GHabitar (GH) Associação Portuguesa para a Promoção da Qualidade Habitacional, Mestrado Integrado em Arquitectura da Universidade da Beira Interior - MIAUBI
Edição: José Baptista Coelho - Lisboa, Encarnação - Olivais Norte.